A rotina de viagens de avião é comum para quem vive fora do Brasil, muitas vezes esconde aquele pequeno medo que temos, especialmente quando pensamos na história por trás de “A Sociedade das Neves”. Mesmo para aqueles que já assistiram à versão americana desse evento, a história continua sendo um dos desastres aéreos mais impactantes do século passado, na minha opinião.
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Para aqueles não familiarizados com o assunto, a trama adapta eventos reais envolvendo um grupo de jovens estudantes uruguaios que sobreviveram após meses perdidos na cordilheira dos Andes. O voo que deveria levá-los ao Chile acabou sofrendo um acidente, forçando os sobreviventes a enfrentar o frio congelante e a fome em busca de resgate.
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A Sociedade das Neves
O frio e a aridez do topo de uma montanha estão entre os ambientes mais inóspitos para a sobrevivência humana. Comparado à escalada ao Monte Fuji, onde escaladores enfrentam falta de oxigênio, ventos gelados e a ausência de vegetação, os sobreviventes, inicialmente sobrevoando a área por alguns minutos, não estavam preparados para o que encontrariam ali.
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Ao cair sobre a cordilheira, a dor do acidente, combinada com o frio e o medo da morte, abala profundamente os sobreviventes. A ausência de visibilidade e direção aumenta o medo da morte, uma sensação de urgência habilmente transmitida no filme.
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A ânsia de sobreviver
Dias, semanas e meses se desenrolam, fazendo essa sociedade, forjada pela necessidade de sobrevivência, acreditar que foram esquecidos pela humanidade. A comida escassa se esgota, e a água é obtida do gelo derretido. Em meio a esse cenário, onde a sobrevivência é a prioridade, o filme nos leva a refletir sobre nossos próprios limites e sobre tabus, que são intransponíveis em outros cenários.
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Fernando acredita que a única saída é procurar ajuda, deixando os feridos para trás, enquanto outros se dedicam aos feridos, tentam consertar o rádio, encontrar comida ou compartilhar recursos. A decisão de consumir a única coisa disponível ainda é um tabu, mesmo para aqueles dispostos. O filme é agoniante e provoca reflexões sobre nossos próprios limites, sobre quais valores podem se perder ao longo de um caminho de desespero e dor.
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“A Sociedade das Neves” se destaca como uma das adaptações mais tocantes e tenta manter uma fidelidade à história real por trás dessa tragédia nos Andes. O filme, disponível na Netflix, é uma jornada emocionante que nos leva a questionar o que faríamos em circunstâncias tão extremas. Não é apenas sobre sobrevivência e canibalismo, mas de o quanto o ser humano é capaz de suportar a esperança de salvação.
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