Por muito tempo, nos acostumamos a ver Adam Sandler em papéis voltados para a comédia, mas esse não é o caso em “Astronauta”. Embora o filme não seja extraordinário, merece crédito pela abordagem descompromissada do tema psicológico. A mistura de aventura de ficção científica com autoconhecimento consegue cativar pessoas que normalmente não se interessam por ambos os temas, graças ao carisma de Sandler.
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É importante ressaltar que o filme busca mais mostrar algo superficial do que agradar fãs de ficção científica ou amantes de dramas profundos. No entanto, consegue nos fazer sentir identificados com Jakub, o astronauta com uma missão vaga que mudará sua vida para sempre. Embora algumas conveniências do roteiro possam afastar o público mais exigente, para aqueles que não se importam, vale a pena ver Sandler em uma atuação incomum.
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O segundo Astronauta
O filme deixa claro, tanto verbalmente quanto visualmente, que o mundo de Jakub é um pouco diferente do nosso. É quase como uma versão de “For All Mankind”, onde a indústria aeroespacial recebeu mais investimento devido à concorrência na corrida espacial, desenvolvendo viagens e comunicações de maneiras que ainda não temos aqui.
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O filme aproveita as estranhezas que uma viagem espacial poderia causar na mente de alguém para introduzir o coadjuvante Hanus (Paul Dano). A escolha de uma forma não humanoide para Hanus, combinada com diversas fobias e conveniências, cria uma atmosfera intrigante a bordo da nave de Jakub. Fica difícil determinar se tudo não passa de um processo psicológico do astronauta ou se ele está tendo um contato real com Hanus.
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Aceitar para se curar
Do ponto de vista psicológico, a jornada de Jakub se assemelha a fugas que fazemos em momentos difíceis. Comparando com outro filme de Sandler, “Tratamento de Choque”, vemos que ambos os personagens buscam evitar a auto análise de seus problemas e não se abrem com seus “psicólogos”. Tanto Hanus quanto Dr. Buddy (Jack Nicholson) são ignorados pelos personagens de Sandler, embora Hanus tenha motivos justificáveis para isso.
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Outro aspecto que enriquece a trama está relacionado à viagem e seus motivos. Ao se “refugiar” dentro da espaçonave, Jakub se distancia de todos, mesmo que não seja suficiente se comunicar apenas por telefone com seus entes queridos. Ele prefere seguir sua rota de aparente “missão suicida” do que enfrentar o que o levou até lá. No entanto, o golpe final é perceber que, mesmo tão longe, está lidando com exatamente aquilo que estava tentando evitar. A imagem da nuvem próxima a Júpiter lembra a chegada ao planeta em “2001 – Uma Odisseia no Espaço”. No final, a escolha de Adam Sandler para um filme como este serve para introduzir o tema a novos públicos, abrindo um vasto universo de novos títulos.
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