Num mundo dividido pela proliferação desenfreada de inteligência artificial, “Resistência” nos transporta para uma realidade à beira do colapso. A convivência com essas máquinas gerou uma divisão entre o Ocidente, que restringe sua utilização, e o Oriente, que a abraça sem restrições. O conflito resultante desencadeia uma “guerra fria” entre humanos e máquinas, levando os protagonistas do ocidente a enfrentarem o avanço da sociedade robótica.
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Apesar da beleza visual do filme, sua recepção crítica tem sido morna, com comparações frequentes a obras consagradas como “Star Wars” e “O Exterminador do Futuro”. No entanto, “Resistência” oferece uma abordagem única desses temas, explorando a complexidade da natureza humana e sua relação com a tecnologia, mesmo que influências de obras anteriores sejam perceptíveis.
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A única saída é a Resistência
A narrativa conduz o espectador por uma jornada que revela a superficialidade dos objetivos e a brutalidade das reações humanas diante do desconhecido. Surpreendentemente, é a inteligência artificial que se mostra mais humanizada, enquanto os próprios humanos se tornaram máquinas de destruição. Essa inversão de papéis é exemplificada pela jornada de Joshua, cuja busca por redenção o leva a confrontar suas próprias ilusões.
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A “Resistência” é um filme que desafia as expectativas, convidando os espectadores a refletir sobre o significado da liberdade e da resistência num mundo cada vez mais dominado pela tecnologia. Embora possa não ter recebido o reconhecimento merecido, é uma obra que se destaca pela profundidade de suas questões e pela maneira como incita uma reflexão sobre o futuro da humanidade.
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A consciência e o despertar
Em diversos momentos, testemunhamos Joshua imerso em seus pesadelos, incapaz de se desvencilhar do passado que o marcou durante sua missão infiltrada. Ele se recusa a aceitar a perda de sua companheira Maya. Ironicamente, ele continua a avistar Maya, uma vez que seu rosto foi doado em prol das máquinas. No sânscrito, “Maya” significa “ilusão”. Dessa forma, Joshua encontra-se aprisionado na ilusão de que ela não faleceu e parte em busca dela, até deparar-se com a “arma”.
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Em meio a esses conflitos, uma figura surge como um símbolo de esperança e renovação: Alphie, a “arma” temida pelos humanos, revela-se, na verdade, uma criança inocente. Sua presença evoca paralelos com figuras mitológicas e religiosas, como o Alfa e o Ômega, adicionando camadas de significado à narrativa. Joshua assume o papel de pai adotivo, Maya representa a mãe da “concepção imaculada” e Alphie surge como a figura que transcende ao plano metafísico. Por meio desses e outros detalhes, “Resistência” é um filme que poderia ter oferecido mais, porém será lembrado por esses elementos ocultos.
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