Após anos de espera, finalmente estreou “Shogun: A Gloriosa Saga do Japão”, trazendo a narrativa de como as terras deste lado do mundo se uniram em uma nação, enfrentando a ação estrangeira. Inspirada em um romance de sucesso dos anos 70, a série aborda eventos históricos com uma dose de liberdade criativa, permitindo que alguns personagens fictícios sejam inspirados em figuras reais e modificando eventos e datas conforme a narrativa avança.
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Um ponto notável é a insistência de Hiroyuki Sanada em incluir atores japoneses no elenco, garantindo uma caracterização autêntica dos personagens e cenários. Sanada, ao interpretar o papel de Toranaga, uma alusão a Ieyasu Tokugawa, demonstra seu compromisso com a qualidade da produção, que, de certa forma, possui potencial para se tornar um novo “Game of Thrones”.
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Shogun e a história do Japão
Se para nós é surpreendente viver em um país como o Japão nos dias atuais e testemunhar sua avançada civilização em diversos aspectos, superando muitas nações mundo afora, é difícil conceber o quão extraordinário deveria ser para os “conquistadores” no século XVII. Embora a Europa possua locais com séculos de história, deparar-se com uma civilização tão desenvolvida do outro lado do globo deve ter sido impactante. A série retrata um vislumbre desse choque.
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Ao observarmos o tratamento dispensado à tripulação de John Blackthorne, conhecido pelos japoneses como Anjin, vemos o terrível embate cultural. Muitos enfrentam essa situação ao chegar ao Japão, especialmente sem preparo prévio. Contudo, no contexto da série, as consequências são brutais, e tanto os estrangeiros quanto os japoneses se consideram “bárbaros” aos olhos uns dos outros. Testemunhamos Anjin tentando se “integrar”, aprendendo algumas palavras aqui e ali, porém demonstrando desdém sempre que confrontado com um costume distinto.
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A única “liberdade criativa” que desafia nossa compreensão ao assistir à série no idioma original é ver Anjin afirmar ser fluente em “português” sem proferir uma única palavra nesse idioma. A produção optou por utilizar o inglês como língua, explorando a confusão dos japoneses com idiomas estrangeiros, confundindo inglês com alemão e espanhol com português. Mesmo assim, os personagens japoneses mencionam o tal “porutugaru go” enquanto ouvimos inglês. Quantos jesuítas deveriam dominar o inglês nessa época?
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Inimigos por todos os lados
Assim como em “Game of Thrones”, a trama de “Shogun” é impulsionada pelos interesses conflitantes dos personagens. A honra é valorizada, mas a traição é uma realidade aceita e previsível. A presença dos jesuítas portugueses como antagonistas adiciona uma camada extra de complexidade à narrativa, demonstrando as ameaças enfrentadas pelo futuro shogun e as consequências de alianças instáveis.
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Mesmo sem ter lido o livro, torna-se evidente que Blackthorne/Anjin desempenhará um papel na “libertação” desses laços com os portugueses, culminando no isolamento mais rígido do Japão em relação aos estrangeiros, permitindo apenas o comércio com os holandeses, além de testemunharmos a perseguição aos católicos no desfecho. Tudo indica que a série terá apenas uma temporada, uma vez que Sanada prometeu um desfecho épico para o último episódio.
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