Takamori – Durante seis meses, a cidade de Takamori, na província de Nagano, foi o lar e o refúgio de uma família ucraniana de nove membros, entre adultos e crianças. A família fugiu de seu país de origem em maio devido às consequências da invasão russa e encontrou um lugar de paz no continente asiático.
O Japão entrou com uma série de políticas e concessões migratórias desde que a guerra na Ucrânia começou em fevereiro. Os refugiados ucranianos tiveram a chance de vir ao Japão e ganhar um visto de um ano de permanência, além de auxílios para a vida cotidiana.
A família que veio para Takamori ficou grata pelos benefícios e aos poucos, foram se adaptando à cultura tão diferente de seu país de origem. As crianças entraram na creche e na escola primária e quatro meninos ucranianos começaram a praticar karatê. Eles fizeram o teste e foram aprovados para a troca de faixa dias antes de partir.
Aos poucos, os sorrisos voltaram. Os adultos também encontraram meios de obter renda enquanto estavam no Japão. Eles conseguiram alugar um “ food truck” e passaram a vender Pirozhki aos moradores locais, que é um tipo de pão tradicional e recheado com carne, muito popular na Ucrânia e outros países europeus.
A situação na Ucrânia ainda é instável, mas a família decidiu retornar ao país de origem, reencontrar e dar suporte aos familiares que ficaram na região. Segundo uma reportagem da emissora Fuji, eles partiram no último dia 5 e no dia 2 de novembro, aconteceu uma festa de despedida com os moradores locais.
Leia também: Japonês luta para cuidar da esposa com demência semântica que não pode falar ou entender: “meu amor só cresceu”.
“O Japão é a nossa segunda casa”
A festa de despedida reuniu os moradores locais que conviveram com a família durante estes seis meses, além de membros do grupo de karatê que as crianças participavam.
“Graças a cada um de vocês a gente conseguiu levar uma vida leve e divertida no Japão. Eu sou muito grata de coração por toda a ajuda. O Japão se tornou a nossa segunda casa”, comentou Yuria Parishka.
Os ucranianos prepararam placas com mensagens de agradecimento pelo suporte que receberam no Japão e entregaram aos representantes da comunidade local.
“É muito triste ir embora do Japão. Não poderei mais encontrar os amigos que fiz aqui”, comentou um menino de 13 anos, que estava no grupo de karatê.
Takashi Ozawa, representante do grupo de karatê, ficou contente pela oportunidade de ter ajudado a família ucraniana e resgatado um pouco da alegria apesar das circunstâncias difíceis que o país enfrenta e as preocupações com os amigos e familiares que ficaram.
“Foi um período curto de seis meses, mas não vou esquecer dos sorrisos deles. E se por acaso se sentirem em perigo de novo, não hesitem em voltar ao Japão”, disse.
O Japão já acolheu mais de dois mil ucranianos desde o início da guerra e as famílias se adaptaram com as crianças na escola, estudo do idioma japonês e a possibilidade de encontrar um trabalho temporário enquanto estão no país. A situação é incerta para os ucranianos e não se sabe por quanto tempo as famílias devem ou poderão ficar no Japão.