Suzu – A idade avançada, as péssimas condições e o tempo prolongado embaixo dos escombros de uma casa poderiam ter resultado na morte de uma japonesa com mais de 90 anos, mas a mulher resistiu firmemente por 124 horas até ser resgatada.
A história que aconteceu no último sábado (6) surpreendeu bombeiros e a equipe médica emergencial que fez o atendimento. De acordo com uma reportagem do Jornal Yomiuri, a mulher vivia em uma casa de dois andares na cidade de Suzu, na província de Ishikawa.
A cidade de Suzu que fica na Península de Noto foi uma das mais afetadas pela série de fortes terremotos e tsunami que abalaram a região no primeiro dia do ano. A casa da mulher estava localizada a 3 quilômetros ao leste da Prefeitura de Suzu e ficou em ruínas com o impacto dos tremores.
O primeiro andar cedeu e foi impactado pelo andar superior. A vítima foi salva por uma lacuna de alguns centímetros entre os escombros e ficou com o braço esquerdo preso em uma viga.
Na manhã de sábado, a polícia ainda fazia buscas por sobreviventes pela região, apesar das poucas esperanças de encontrar alguém vivo após 5 dias do desatre. Mas a mulher foi percebida e a aquipe de resgates emergenciais dos bombeiros foi acionada imediatamente.
Os policiais ajudaram a liberar o espaço na parte superior do corpo da mulher e os bombeiros ficaram com a parte inferior. Eles removeram os destroços a mão e com cuidado. Os médicos especializados em situações de emergência iniciaram o tratamento antes mesmo de retirá-la dos escombros.
O resgate começou por volta das 17h e a idosa conseguiu sussurrar quando viu os homens que fariam o resgate. Ela apertou os dedos de um deles para mostrar que ainda estava viva. Mas a situação era delicada e os médicos precisavam que ela fosse capaz de recuperar um pouco das forças e não sofresse um choque na retirada dos escombros.
Uma aplicação intravenosa foi efetuada durante o resgate e a mulher foi encorajada o tempo todo a lutar por sua sobrevivência. Ela foi levada de ambulância para o hospital por volta das 20h20, mais de três horas depois. E na manhã seguinte, estava bem o suficiente para conversar.
O médico da equipe especial de desastres naturais (DMAT) e da NPO Peace Winds, que presta suporte de profissionais em momentos de emergência, Mototaka Inaba, explicou o que pode ter acontecido.
“É raro encontrar vítimas com vida após 72 horas do desastre, mas é possível se houver fornecimento de água e se a vítima conseguir manter a temperatura do corpo. Ela provavelmente conseguiu beber água da chuva entre as lacunas dos escombros da casa”, disse.
Ainda assim, é surpreendente que tenha resistido por tanto tempo apesar da fragilidade da idade avançada e as condições. O bombeiros das forças especializadas em resgates emergenciais, Masato Hata, comemorou o sucesso da operação:
“Este tipo de resgate cuidadoso e elaborado é uma grande esperança para as famílias dos desaparecidos após um desastre natural”, comentou.
Para quem aguarda a possibilidade de encontrar um familiar desaparecido com vida dias após o desastre, é uma luz saber que ainda é possível realizar um resgate bem-sucedido mesmo depois de 124 horas.
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Outro caso de resgate nos escombros
A tragédia que abalou principalmente a província de Ishikawa e deixou mais de 160 mortos nas cidades ao redor da Península de Noto, também registrou outras histórias de resgates bem-sucedidos muitas horas depois dos tremores.
Um homem com mais de 80 anos também foi resgatado com vida embaixo dos escombros de uma casa na cidade de Suzu. O idoso aguentou por 44 horas entre as ruínas da casa e as condições estavam tão difíceis que a aquipe dos bombeiros teve que realizar o resgate pelo telhado.
Mas a operação ocorreu bem, ele foi colocado sobre um colchão e recebeu água assim que deixou as ruínas da casa. Logo depois, foi levado ao hospital e está em recuperação.