Oita – Problemas como o bullying, relações entre colegas e professores, dificuldade de adaptação na escola e outras questões provocam o cenário preocupante das crianças que param de frequentar as aulas.
Segundo os dados do Ministério da Educação do Japão (MEXT), a evasão escolar afeta cerca de 1% dos alunos do primário, 4,13% dos alunos do ginásio e 1,39% dos jovens no ensino médio (chamado de koukou).
Os números são altos e totalizam mais de 244 mil crianças e jovens fora da sala de aula em todo o país.
Para combater esta realidade, uma educadora japonesa tomou a iniciativa de fundar uma escola de apoio no sul do Japão. Wakako Saiki criou a “Wakabakai” na cidade de Oita (província de mesmo nome em Kyushu) e passou a acolher os jovens da região que por algum motivo se afastaram da escola.
Chamada de “escola livre”, a Wakabakai foi fundada há 10 anos e nasceu de uma experiência pessoal de sua fundadora, que ela compartilhou em uma reportagem da emissora Fuji.
“Eu dei aulas particulares quando estava na faculdade e alguns dos alunos tinham parado de frequentar a escola. Eu percebi que, às vezes por motivos pequenos a criança se afasta da escola e perde a oportunidade de seguir para o ensino médio ou a faculdade. Toda a formação acaba comprometida”, explicou.
Saiki se sentiu inconformada com essa realidade e quis fazer algo para mudá-la. Atualmente, a Wakabakai é o suporte de 12 crianças que estão fora da escola e também realiza atividades extras com estudantes portadores de deficiências.
“Podemos começar as aulas de qualquer ponto. Eu quero ficar mais inteligente e além de estudar, tenho aprendido sobre comunicação e o conhecimento necessário para viver em sociedade”, comentou uma aluna da escola.
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Prêmio de reconhecimento
Os esforços de Saiki para resgatar crianças que poderiam ter a formação pessoal comprometida pela evasão escolar resultaram em um prêmio de reconhecimento. Ela foi escolhida para receber o Prêmio Feminino Vencendo Desafios (tradução livre / Josei no Charenji-shou) do Gabinete Oficial do Governo do Japão.
O prêmio contempla mulheres em ações individuais ou que estão à frente de organizações e que prestam algum serviço, apoio ou acolhimento importante para combater alguma questão que a sociedade japonesa enfrenta. É o caso do projeto de Saiki.
Além de cuidar para que essas crianças sigam em atividade de estudos, Saiki também colabora com as escolas que elas deixaram de frequentar. Uma vez por mês, ela visita as escolas e envia um relatório sobre esses alunos. As instituições ficam a par da situação individual para acolher melhor esses alunos quando eles retornam às salas de aula.
“Meu objetivo sempre foi criar algo que a gente possa olhar para trás e sentir orgulho. Quero que eles sintam, no futuro, que o tempo que passaram na escola foi precioso. Estamos empenhados em melhorar com atividades esportivas e culturais, fazemos exibições de obras de arte dos alunos e proporcionamos atividades variadas na nossa escola livre”, comentou Saiki.