Ritto – Em setembro do ano passado, um homem de 34 anos apareceu para uma consulta no oftalmologista em Ritto, na província de Shiga. Ele tinha sofrido uma perda considerável e repentina da visão quando foi consultar.
O homem acabou encaminhado para o hospital central da cidade, onde fez novos exames e os médicos não demoraram para desvendar o mistério: o paciente tinha sofrido uma intoxicação por metanol.
O biocombustível é muito utilizado na produção industrial, como solvente e não é difícil de comprar. Está disponível em farmárcias e drogarias japonesas, além das grandes lojas de “home center” que vendem artigos e ferramentas variadas.
Segundo uma reportagem da Emissora Fuji, o caso foi suspeito para os médicos, já que o paciente não tinha consciência de ter ingerido alguma substância tóxica por acidente. A polícia foi acionada e a suspeita de envenamento fez com que a esposa, Manami Morisaki, de 33 anos, acabasse presa por tentativa de assassinato.
Manami confessou aos policiais que realmente colocou doses de metanol na bebida do marido, mas negou que tivesse a intenção de matar. A vítima sobreviveu, mas teve perda da visão que pode ser irreversível: a toxicidade do metanol afeta as celulas da retina.
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Envenenamento por metanol
O professor Masayoshi Amemiya, chefe do Centro de Estudos de Ciência Forense em Tóquio, explicou para a reportagem da Emissora Fuji como o metanol age no corpo e os principais efeitos.
“Depois de entrar no organismo humano, o metanol se torna ainda mais tóxico. O que mais ocorre em casos de pessoas que bebaram por acidente é deficiência visual e graves danos nos rins. Isto acontece, por exemplo, quando uma criança bebe o líquido de lavar as janelas do carro sem que os pais vejam”, explicou.
Há muitos casos fatais também, já que existe uma dose letal de metanol. A substância pode matar ou provocar danos graves na saúde se for ingerida, inalada ou absorvida pela pele.
“É fácil também de confundir com o etanol, mas são bem diferentes. O etanol é responsável pelo teor alcoólico de algumas bebidas é a matéria-prima do desinfetante. Já o álcool metílico que foi usado pela esposa neste caso é extremamente prejudicial e pode matar mesmo com doses pequenas”, disse.
Ambas as substâncias têm o mesmo cheiro e se forem misturadas com uma bebida alcoólica comum, é bastante difícil de perceber.
A polícia deve investigar se houve ou não intenção de matar e como era o relacionamento do casal. Masayoshi Amemiya explicou os próximos passos da investigação de um crime desta categoria.
“Primeiro é preciso saber se houve ou não intenção de matar e se houve, quais foram as circustâncias que fizeram a esposa querer dar um fim no marido. A polícia deve investigar o computador e smartphone e descobrir se a mulher fez pesquisas com relação ao metanol, venenos, doses, efeitos e tratamentos”, disse.
As respostas para as perguntas da polícia vão definir o futuro do caso. Por enquanto, não há informações na mídia sobre como era a relação do casal e as motivações do crime.