Takaoka – No ano passado, uma estudante de escola ginasial cometeu suicídio na província de Toyoma e o caso reacendeu o alerta sobre a necessidade de combater a solidão e promover ambientes onde as pessoas possam desabafar.
É isto que uma livraria de livros usados tem feito na cidade de Takaoka, na mesma província. Localizada na mesma região do Templo Shokoji, um tesouro nacional que atrai muitos turistas, a livraria está entre o agito dos visitantes, mas em seu interior, promove um lugar de refúgio para quem mais precisa.
Uma vez por mês, pessoas com tendências suicidas se reúnem para conversar, além de membros de ONG e familiares de vítimas do suicídio. Para alguns o objetivo é desabafar, para outros é ouvir, ajudar e entender os sinais que aparecem antes de alguém tirar a própria a vida.
O encontro foi idealizado por Akira Horita, de 48 anos. Ele abriu o sebo há cinco anos e organizou as reuniões mensais com o objetivo de aliviar as tensões de quem está se sentindo assim e não consegue conversar com ninguém.
Em entrevista para a emissora Fuji, Horita contou sobre suas intenções com o projeto.
“Eu pensei que muitas pessoas poderiam se encontrar aqui e seria uma oportunidade de gerar essa conexão entre elas. E esses encontros mensais para falar sobre o suicídio se tornaram especiais”, comentou.
Leia também: O mistério dos 100 golfinhos que apareceram na baía de Tóquio: local tem atraído também baleias e leões-marinhos.
Um local para encontrar forças
O sebo Furuhon Naruya, na província de Toyama, fica em uma região turística da cidade de Takaoka. Reprodução / FNN.
A emissora Fuji acompanhou um dos encontros e conheceu um pouco mais sobre a vida dos participantes. Um deles é Ryuga Deguchi, um jovem que mora na cidade de Takaoka. Ele contou que quando estava no primário, foi diagnosticado com um transtorno de desenvolvimento cognitivo e sempre enfrentou muitos desafios.
“Eu comecei a morar na sozinho quando me tornei um estudante universitário e desenvolvi uma fobia social. Tenho frequentado os encontros desde o outono de 2021, trabalho em uma instituição para pessoas com deficiências (PCD) e pinto quadros como um artista PCD”, contou.
Para ele, o sebo se tornou um lugar especial, onde pode encontrar forças e vencer seus desafios.
“É uma oportunidade de me conectar com outras pessoas, suprir essa necessidade e receber apoio”.
Um dos objetivos de Horita é transformar os encontros em um momento em que as pessoas possam falar abertamente sobre suas emoções, pois uma pessoa com tendências suicidas dificilmente consegue revelar isto para a família ou amigos e acabam abafando suas emoções.
“Eu pensava que tinha que ter um lugar onde as pessoas pudessem dizer normalmente que querem morrer, que se sentem entristecidas, que está difícil carregar seu fardo. Eu queria que elas pudessem desabafar sem serem julgadas ou repreendidas”, disse Horita.
Um homem que participou do encontro expressou sua gratidão por essa oportunidade.
“É muito difícil a gente encontrar um lugar assim e não há com quem conversar. Nestes encontros, conhecemos outras pessoas que já pensaram em se matar e gente que perdeu familiares para o suicídio, todo o tipo de pessoa se reúne por aqui”.
A proposta é começar a partir da conversa, com liberdade para dizer o que pensa e o que sente e encontrar pessoas que possam escutar, se conectar e ofereçam apoio a partir disto.