Tóquio – Uma cafeteria em Tóquio passou a funcionar nesta quarta-feira (1) com um conceito bem diferente: é proibido falar dentro do local e nem os clientes ou funcionários podem quebrar a regra.
Não é possível cochichar como em uma biblioteca, apenas fazer total silêncio. Na hora de pedir as bebidas desejadas, os clientes e atendentes precisam se virar com mímica e gestos.
O café se chama “Kotoba no nai Kissaten” (Cafeteria sem Palavras) e está localizado em Jingumae, no distrito de Shibuya. O local passou a funcionar hoje, mas por tempo limitado: serão apenas cinco dias de funcionamento.
Segundo uma reportagem da Emissora Fuji, não há nada de pomposo ou diferente no lugar em si. A decoração é simples: paredes brancas, mesas de madeira clara e um ambiente espaçoso, com 16 assentos para os clientes.
O logo, chama atenção. Os ideogramas de “kotoba”, que significa “palavra”, estão um pouco apagados e é proposital. A ideia é proporcionar uma experiência em um mundo em que as palavras estão desaparecendo, não é mais possível contar com elas.
“Imaginamos um mundo em que as palavras estão se tornando cada vez mais transparentes até que desaparecem por completo e como poderíamos lidar com isso? Para representar essa ideia, trabalhamos o logo assim”, disse Myoen Suguru, o diretor criativo da Entaku, empresa que gerencia o café.
No menu, não há nada de diferente. Os clientes podem pedir café, chá, suco e escolher entre 10 opções de bebidas, além dos tamanhos diferentes. É possível consumir no local ou pedir para a viagem.
Mas não é nada fácil. Além de não poder conversar, não existe um sistema em que os pedidos possam ser anotados, afinal, as palavras estão proibidas. Os clientes precisam apontar, fazer gestos, mímica e os funcionários também se viram para fazer perguntas e serem compreendidos.
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A experiência da cafeteria em Tóquio
Um repórter da Fuji visitou a cafeteria em Tóquio e fez um pedido de suco de laranja com alguma dificuldade. Ele contou que a atendente mostrou o suco para ter certeza de que era aquilo que ele queria e eles conseguiram se entender depois de um minuto.
O cliente finalizou mostrando a mão fechada e o dedão para cima, para confirmar que estava tudo certo. Depois da experiência, ele comentou:
“Eu consegui pedir o meu suco de laranja no fim das contas, mas consegui sentir a dificuldade que é a comunicação quando não se pode falar”, refletiu.
E não são só os clientes em apuros: dentro do café, os funcionários usam gestos para se comunicar entre si. Myoen explicou que o objetivo da cafeteria também é proporcionar experiências diferentes que existem no mundo real.
“É uma chance de sentir as dificuldades da comunicação, de transmitir aquilo que você quer dizer. E há um lado divertido em se esforçar para ser compreendido. Os clientes podem ter uma experiência parecida com o que acontece quando dois estrangeiros não falam o mesmo idioma e precisam se entender ou o cotidiano dos surdos, que precisam lidar com pessoas que não sabem a língua de sinais”, explicou.
Além de ser uma experiência diferente, o café também ajuda a exercitar a empatia ao fazer funcionários e clientes se colocarem no lugar de pessoas que passam pelas mesmas dificuldades com a comunicação.
Uma experiência para aprender algo, refletir e tirar conclusões.
Saiba mais sobre a cafeteria em Tóquio no site oficial (as informações estão em japonês, use o tradutor do navegador se for necessário): clique aqui.