Tóquio – As temperaturas estão baixando, o inverno se aproxima e é uma das épocas de maior consumo de energia no Japão. Não há sistema de calefação nas casas e o jeito é se aquecer com ar-condicionado ou aquecedores, que usam eletricidade ou gás.
De acordo com a Companhia de Luz de Tóquio (TEPCO), em janeiro deste ano, a média da conta de luz de uma família regular era de ¥7.631 por mês. Em novembro, o valor irá subir um pouco mais além do que já subiu durante o ano e esta média ficará em ¥9126.
A tarifa está quase ¥1500 mais cara em comparação com a realidade no início do ano e os valores ainda podem aumentar. Uma reportagem da emissora Fuji informou que os reajustes se devem à desvalorização histórica do iene e também aos efeitos da guerra na Ucrânia.
Junto com a conta da luz, a população japonesa e os estrangeiros que vivem no país viram outras contas aumentar durante o ano, como a do super-mercado, com reajustes em mais de 6 mil alimentos e bebidas.
O governo japonês está preocupado em ajudar a aliviar as despesas diante do aumento do custo de vida. Uma das ideias é utilizar o sistema de pagamento da conta de luz de forma mais eficiente, com a possibilidade de cada domicílio verificar o quanto conseguiu economizar no mês.
“Se o sistema de cobrança de energia elétrica não informar ao cliente o quanto foi possível economizar no mês, é fácil perder a noção dos valores e ficar sem um plano efetivo de economia doméstica”, disse o primeiro-ministro Fumio Kishida em entrevista ao canal da Fuji.
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Auxílio de ¥2 mil para a luz
O governo japonês está cogitando a possibilidade de dar um auxílio de ¥2 mil por mês para cada domicílio no país, com a finalidade de ajudar a pagar os excessos na conta da luz.
A Fuji conversou com algumas pessoas nas ruas de Tóquio para saber sobre o impacto nas contas e o que pensam da possibilidade de receber um auxílio extra do governo.
“Eu fico muito agradecida com a ajuda de ¥2 mil, agora até o vegetais que compro todos os dias estão mais caros”, disse uma mulher na faixa de 40 anos.
Mas para uma senhora de 70 anos, a ajuda é insuficiente.
“É muito pouco. Se uma família regular em Tóquio pagava ¥6317 em janeiro de conta de luz e agora vai pagar ¥9126 em novembro, em menos de dois anos vamos ter um aumento de mais de ¥2800, é bastante coisa”, comentou.
Outro cidadão na faixa de 40 anos acredita que o valor da ajuda deve considerar o gasto de cada família e não ser generalizado.
“Acho que o melhor é ver o quanto cada um gasta e dar o desconto proporcional com base nisto. Eu não sei que tipo de domicílio irá receber essa ajuda e os detalhes do sistema. Só resta esperar o anúncio oficial do governo”, opinou.
No início da pandemia em 2020, quando o governo japonês decidiu dar ¥100 mil para todos os domicílios do país para contornar as dificuldades econômicas, houve críticas pelo fato de que não havia critérios e mesmo as famílias que não foram afetadas pela pandemia e que estavam bem financeiramente receberam o auxílio.
Uma pequena ajuda para pagar a conta de luz também dá margem para o mesmo tipo de discussão sobre quem deve receber, se há ou não limites de renda e outras limitações.