Em menos de 24 horas após o lançamento de um novo esquema para conter os preços elevados do arroz no Japão, mais de 30 empresas já se inscreveram para adquirir mais da metade das 300 mil toneladas de arroz estocado que o governo pretende liberar por meio de contratos de venda direta. A informação foi divulgada nesta terça-feira (27) pelo Ministério da Agricultura, Florestas e Pescas.
Entre os interessados estão nomes de peso do varejo japonês, como a rede de supermercados Aeon Co, a loja de descontos Don Quijote e a gigante do comércio eletrônico Rakuten Group Inc. As empresas terão acesso a estoques de arroz das safras de 2021 e 2022 por aproximadamente metade do preço praticado anteriormente, quando a venda era realizada por meio de leilões.
Segundo o ministério, até as 14h de terça-feira, 33 empresas haviam solicitado a compra de 157.073 toneladas — mais da metade do volume previsto. A grande procura fez com que o governo suspendesse temporariamente o recebimento de novas solicitações, após identificar que quase toda a produção de 2022 já havia sido reservada.
“Com a suspensão, o arroz restante que poderá ser negociado será da safra de 2021”, afirmou o ministro da Agricultura, Shinjiro Koizumi, em publicação nas redes sociais. Koizumi, que assumiu o cargo com a missão de estabilizar o preço do arroz após a saída do antigo ministro por declarações controversas, reforçou que o governo está disposto a liberar todo o estoque, se necessário.
A Aeon planeja vender cerca de 20 mil toneladas de arroz com preço em torno de 2.000 ienes (aproximadamente R$ 92) por pacote de 5 quilos, valor alinhado com a meta do governo. Já a rede de lojas Mr Max Holdings Ltd. estuda oferecer o produto por um valor ainda mais baixo, excluindo os impostos.
Mesmo com medidas emergenciais, o preço médio do arroz nos supermercados quase dobrou em relação ao mesmo período do ano anterior, pressionando o orçamento das famílias japonesas. A expectativa é de que os primeiros lotes do arroz estocado comecem a chegar às prateleiras no início de junho.
O governo também analisa flexibilizar os critérios de elegibilidade para a compra direta — atualmente limitados a grandes varejistas — com o objetivo de ampliar o acesso ao arroz mais barato a pequenos supermercados e comércios locais.
Na segunda-feira, Koizumi anunciou a substituição do sistema de leilões por contratos diretos, visando maior controle e rapidez na distribuição. Em março e abril, 312 mil toneladas foram vendidas por meio de leilões, restando ainda 600 mil toneladas em estoque, das quais 300 mil estão destinadas ao novo modelo de venda direta.