Tóquio – Gentileza gera gentileza e isso funciona até mesmo em larga escala e de maneira coletiva. Em março de 2011, quando o Japão enfrentou um dos piores desastres naturais da história com o terremoto seguido de tsunami na região de Tohoku, Taiwan se mobilizou rapidamente para ajudar.
O território próximo das ilhas de Okinawa doou ¥20 bilhões para ajudar na recuperação dos danos imensuráveis que o desastre deixou. E mesmo no início deste ano, quando um forte tremor na Península de Noto desolou a província de Ishikawa, os taiwaneses se uniram mais uma vez e enviaram ¥2,6 bilhões ao Japão como doação.
Um burburinho começou nas redes sociais logo que as notícias saíram: na quarta-feira (3), Taiwan foi atingido pelo pior terremoto dos últimos 25 anos e um alerta de tsunami chegou a ser emitido para as ilhas de Okinawa. Muitos japoneses publicaram que esta é a hora de retribuir toda ajuda e o carinho que já receberam dos taiwaneses.
Uma reportagem da Emissora Fuji reproduziu uma das publicações que repercutiram na rede social X (o antigo Twitter). Um internauta postou:
“Eles sempre se importam com a gente. Taiwan vem nos ajudando em todas as ocasiões e agora que eles estão precisando, eu quero ajudar de alguma forma”.
Outro internauta comentou que é hora de “enviar doações para Taiwan” e outra pessoa concordou: “Quando o Japão está com problemas, eles sempre nos ajudam, a gente precisa retribuir”.
A Organização sem Fins Lucrativos (ONG) AAR Japan já se prontificou em arrecadar as doações de emergência para ajudar o território a enfrentar os dados. Os interessados em contribuir podem ver aqui.
Além da mobilização nas redes sociais, é possível que o governo japonês ofereça uma ajuda mais ampla para Taiwan. O primeiro-ministro Fumio Kishida deu um pronunciamento logo após o terremoto:
“Estamos cientes da extensão de danos em Taiwan e o governo está se empenhando para coletar informações e oferecer a ajuda necessária. Expresso minhas mais sinceras condolências e vamos nos prontificar em dar assistência rápida se for solicitado”.
O Japão pode enviar equipes de resgate e criar pontos de doações que facilitem o envio de ajuda humanitária.
Leia também: Japão enfurece idosos com novo sistema de apoio às crianças e cobrança individual de ¥4.200 por ano: “melhor morrer logo”
O forte terremoto em Taiwan
Assim como o Japão, o território está preparado para lidar com grandes terremotos, principalmente pela localização na região conhecida como Anel do Fogo do Pacífico e que se caracteriza pelas placas tectônicas, terremotos constantes e vulcões ativos.
Desta vez, o tremor teve o epícentro no condado de Hualien, que fica a 150 quilômetros de distância da capital Taipei. A magnitude foi de 7,4 e pela escala japonesa, o abalo atingiu 6+ de intensidade na cidade de Hualien e 5+ na capital. O máximo da escala é 7 graus.
Houve registros de mortes e milhares de feridos no território. Na cidade de Hualien, um prédio de 5 andares inclinou-se e quem estava no primeiro andar, onde havia um restaurante, ficou preso nos escombros.
Outro prédio de 10 andares desabou, os moradores ficaram presos entre os destroços ou soterrados e as equipes de emergência se apresseram para realizar os resgates. Algo muito parecido aconteceu no Japão no início do ano, quando o terremoto na Península de Noto deixou muitos moradores aguardando resgate entre os escombros de suas casas desabadas.
Taiwan implementou medidas mais rigorosas para prevenir os danos e perdas de desastres naturais depois de um abalo registrado em setembro de 1999. Este foi um dos piores episódios da história recente da região, com mais de 2.400 mortes, 100 mil feridos e milhares de prédios danificados.
O governo de Taiwan aplicou padrões rigorosos para a construção de edifícios com um nível maior de resistência aos tremores e iniciou campanhas amplas de conscientização e segurança da população.