Tóquio – O Japão já se tornou conhecido por seus ladrões de calcinhas, homens que invadem varandas, furtam lingerie que estão em varais ou roupas de lavanderias. O problema é comum o suficiente para as mulheres tomarem cuidado na hora de secar as roupas e preferir morar em andares mais altos.

A ação dos pervertidos parece ter atingido um novo nível desta vez. Uma reportagem do portal de assuntos jurídicos Bengoshi News relatou um caso que vem horrorizando internautas no país: os homens que buscam calcinhas no lixo e postam nas redes sociais.

O movimento foi percebido com a palavra-chave “resgate de roupa íntima” em japonês, na rede social X (o antigo Twitter). As publicações são de homens anônimos que mostram as roupas íntimas retiradas de lixeiras. Eles dizem que fizeram o “resgate”, como se tivessem salvado algo precioso de um fim trágico.

Calcinhas e sutiãs velhos e usados são exibidos e há também explicações. Alguns dizem de onde tiraram a lingerie, se conheciam ou não a dona e por vezes, dão mais detalhes. Em uma publicação que mostrava roupas íntimas de uma mulher, a pessoa dizia que era “de uma mãe de 54 anos de idade” e perguntava se alguém queria.

O post reuniu vários comentários de outros homens afirmando de que gostariam de ter aquela peça em mãos. As roupas íntimas jogadas no lixo podem estar sendo oferecidas em um mercado online pouco convencional.

A reportagem explicou que isto tem deixado mulheres assustadas para descartar suas roupas íntimas velhas. Algumas preferem fazer o descarte apenas quando se hospedam em hotéis e há famílias que cortam as calcinhas das filhas com tesoura na hora de descartar.

Nas redes sociais, a notícia do “resgate de calcinhas” fez muitos internautas comentarem, principalmente mulheres. Quem investigou as publicações disse que ficou “horrorizado” com o que viu e que é nojento e assustador.

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Pegar calcinhas do lixo é crime

Nojento, assustador, aterrorizante. Saber que a roupa íntima jogada fora pode acabar nas mãos de um estranho é uma preocupação, mas não se trata apenas disso. A reportagem do Portal Bengoshi News entrevistou o advogado Tomoe Terabayashi, que explicou que esse tipo de ato pode ser criminal pelas leis do Japão.

“Mexer em sacos de lixos para pegar roupas íntimas pode se enquadrar como crime de furto, de acordo com o que consta no Artigo 235 do Código Penal”, explicou. “Pode parecer que o lixo não tem dono, mas não é bem assim. O lixo é sempre gerido por alguém, seja a empresa que administra o prédio ou órgão público”.

Muitas prefeituras no Japão proibem os civis de levar o lixo alheio para a casa. Há determinações locais e multas estabelecidas para esses casos. Isto serve não só para roupas íntimas, mas qualquer objeto que seja encontrado no lixo.

No caso das roupas íntimas, o advogado diz que há mais um agravante: o desrespeito à privacidade da pessoa que descartou.

“O lixo pode conter itens que idenficam a pessoa que descartou. Uma vez que foi amarrado e descartado, há um direito legal de garantir a privacidade de quem descartou. O furto de calcinhas também pode ser ilícito pelo Artigo 709 do Código Civil”, disse.

A mulher que descartou sua lingerie e descobriu que alguém pegou do lixo ou mesmo postou em uma rede social, poderá pedir indenização por danos morais ao criminoso.

São vários crimes que se enquadram neste tipo de situação, mas há pouco controle das publicações e nenhuma lei que impeça as postagens. O melhor a fazer é tomar cuidado com o lixo e usar uma tesoura para picotar o tecido antes de jogar fora pode ser uma boa ideia.