Tóquio – Quem estava na zona comercial de Akihabara em Tóquio, no dia 8 de junho de 2008, dificilmente vai esquecer este dia. As testemunhas do atentado contra pedestres descreveram o momento como “uma cena de guerra” e “um inferno”.
Neste dia, Tomohiro Kato, de então 25 anos, decidiu jogar um caminhão de 2 toneladas contra pedestres, atropelando 5 pessoas. Logo depois, ele desceu do veículo com uma adaga e esfaqueou as pessoas mais próximas. Kato conseguiu ferir mais dez pessoas e no momento do crime, já tinham dois mortos.
No fim daquele dia, as vítimas fatais subiram para 7: uma jovem de 21 anos e seis homens com idade entre 19 e 74 anos. O crime ficou conhecido como o “Massacre de Akihabara”. Um pouco mais de um mês depois de completar 14 anos, teve o seu desfecho.
Nesta terça-feira (26), Kato, de 39 anos, foi executado no Centro de Detenção de Tóquio. Segundo uma reportagem do Jornal Yomiuri, esta foi a segunda ordem de execução no mandato do primeiro-ministro Fumio Kishida.
O processo do atentado em Akihabara
Durante o processo, Kato confessou os pontos básicos da acusação, mas o advogado alegou que ele estava fora de si, psicologicamente afetado no dia do crime e que não estava consciente de seus atos.
Foi uma tentativa de considerar o homem mentalmente inapto para ter responsabilidade sobre seus atos em Akihabara, mas não funcionou. Os exames psicológicos resultaram em um laudo que afirma que ele tinha plenas capacidades mentais.
A primeira sentença de morte veio em março de 2011 pela Corte de Tóquio. O juiz que analisou o caso constatou que foi um crime terrível e a responsabilidade legal era de nível mais alto.
“Por mais que estivesse insatisfeito com as pessoas próximas e se sentindo solitário, não é possível perdoar um ato que tirou a vida de pessoas que não tinham nenhuma relação”, disse o juiz.
O caso do Massacre de Akihabara foi levado para o Tribunal Superior de Tóquio, que confirmou a sentença de morte em setembro de 2012. A defesa fez a apelação final e em fevereiro de 2015, a Suprema Corte de Tóquio constatou que não tinham novos pontos de consideração sobre o caso e confirmou a sentença.
Leia também: Neurocientista japonês diz que basta responder duas perguntas para saber se você tem cérebro de rico ou de pobre: faça o teste.
Mudanças sociais
Kato trabalhava para uma empreiteira e era mandado para ambientes de trabalhos diferentes. Nisto, acabou carregando insatisfações com a sociedade e desabafava em um fórum online. Ele sofreu bullying de pessoas no trabalho e usava a internet para manifestar sua ira.
Pouco antes do ataque em Akihabara, o homem utilizou o mesmo fórum para anunciar que iria ao distrito naquele dia e que mataria muitas pessoas lá. Ele escolheu um cruzamento popular em uma zona comercial que costuma estar cheia de pedestres, muitos jovens e turistas.
O caso gerou um debate sobre o que poderia ter sido feito para prevenir. A polícia aumentou a vigia online, solicitando a colaboração de provedores de internet para que este tipo de mensagem publicada, anunciando um ataque, se transforme em um aviso rápido para as autoridades.
Por causa do atentado, também se tornou proibido carregar objetos afiados em lugares públicos, que tenham mais de 5.5 centímetros. A polícia tomou medidas para reduzir as chances de novos ataques, embora seja difícil controlar e prevenir este tipo de crime.
Em outubro do ano passado, na noite de Halloween, houve o caso do jovem vestido de coringa que feriu 17 pessoas no metrô de Tóquio. Identificado como Kyota Hattori, de 24 anos, ele alegou que pretendia matar pessoas e tinha o objetivo de receber a pena de morte.