Tóquio – A prefeitura do bairro de Edogawa, em Tóquio, foi questionada depois de enviar os cupons da vacina do coronavírus com uma semana de atraso para os residentes estrangeiros.
Segundo uma reportagem da agência de notícias Kyodo, o caso veio a tona na segunda-feira (5) e a administração do bairro teve que se explicar pelo atraso, que prejudicou.
Um representante disse que “não houve intenção de discriminar os não-japoneses” e que o envio de cupons, necessários para o agendamento, atrasou para os estrangeiros por causa da confecção de um guia em outros idiomas.
“Pensamos que os estrangeiros teriam dificuldades de entender as orientações em japonês. Preparamos o guia para mandar junto, mas este processo levou mais tempo. Não houve intenção de discriminar”, disse um representante.
Kaoru Hashimoto, representante da organização sem fins lucrativos (NPO) Rede de Apoio aos Imigrantes do Japão (SMJ), disse à Kyodo que sentiu estranheza ao saber do ocorrido em Edogawa.
“Parece estranho que tenha demorado uma semana para colocar um guia junto com o cupom da vacina. Assim como os japoneses, os estrangeiros também querem receber as doses da vacina o mais rápido possível. O ideal é que as correspondências sejam enviadas juntas”, disse.
O bairro de Edogawa possui uma comunidade estrangeira expressiva. De acordo com os dados da prefeitura, dos 690 mil habitantes, 36 mil são internacionais. Isto representa 5% da população da região.
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Vacinas para estrangeiros e japoneses
Há poucas semanas das Olimpíadas, o Japão tenta acelerar a vacinação em massa contra o novo coronavírus e reduzir os riscos de aumento de casos antes das competições esportivas.
O país demorou para aprovar e garantir as doses e iniciou a vacinação com atraso em comparação as outras nações desenvolvidas. Entre fevereiro e março, os profissionais da linha de frente receberam as doses da Pfizer, a única vacina aprovada no início do ano.
O Ministério da Saúde do Japão aprovou as vacinas da Moderna, Astrazenica e da Johnson & Johnson no mês de maio. Em abril, a fila prosseguiu para os idosos acima de 65 anos, que representam uma boa fatia da população japonesa.
Os dados mais recentes da emissora NHK mostram que 31 milhões de pessoas (24,8% da população) já tomaram a primeira dose da vacina no Japão e 17 milhões de pessoas (13,7%) já foram imunizadas com as duas doses.
Desafio com a população jovem
Uma pesquisa em larga escala, realizada pelo Centro Nacional de Neurologia e Psiquiatria do Japão (NCNP) trouxe resultados preocupantes em relação a aceitação das vacinas pela população do Japão.
Os resultados, divulgados pela emissora NHK, mostraram que cerca de 11% da população, principalmente os mais jovens, não querem se vacinar.
Foram 23 mil entrevistados entre 15 e 79 anos de idade. A maior parcela de respostas negativas foi entre 15 e 39 anos.
Os principais motivos relatados foi o medo dos efeitos colaterais ou falta de confiança. Muitos entrevistados disseram que não acreditam na eficiência das vacinas contra o coronavírus.
Não há dados relacionados a aceitação de vacinas pelos residentes estrangeiros.
Enquanto o país luta para aumentar a capacidade de vacinação em massa, as pesquisas mostram que há necessidade de melhorar a campanha e a circulação de informações sobre os imunizantes.