Takaoka – Uma escola de natação da cidade de Takaoka (província de Toyama), registrou uma tragédia sem precedentes e difícil de explicar.
Hiroto Kasaya, de cinco anos, acabou morrendo afogado na piscina sem que nenhum dos quatro adultos supervisores ou mesmo as outras 18 crianças da turma notassem o que estava acontecendo.
Além disso, levou cinco minutos até que alguém percebesse o menino afogado dentro da água e tomasse alguma atitude para socorrer, mas já era tarde demais.
O caso repercutiu na mídia japonesa e levantou uma série de dúvidas. Uma reportagem da emissora Fuji trouxe os detalhes e também uma entrevista com o pai da criança, que disse que não quer que o filho seja esquecido.
O acidente aconteceu em uma piscina de 120 cm de profundidade e com alguns bancos vermelhos submersos, que servem de apoio para as crianças (chamados de akadai em japonês). Além disso, o afogamento aconteceu durante os últimos 10 minutos de aula, que era o tempo livre das crianças.
De acordo com a reportagem, a escola costumava liberar as crianças para brincar na água nos últimos 10 minutos. Alguns dos supervisores jogavam bola com os pequenos durante esse tempo e a explicação da escola é que os responsáveis provavelmente relaxaram e não estavam atentos como deveriam.
Ao menos foi isso que o dono da Escola de Natação Opus, Hiroshi Katada, disse para a mídia japonesa:
“Eles acharam que não tinha como acontecer um afogamento e então estavam tranquilos, não estavam olhando as crianças como deveriam”, justificou.
No entanto, a mãe de uma das crianças que frequenta a escola disse para a emissora Fuji que já tinha observado os alunos no tempo livre na piscina e achado perigoso.
“Eu já tinha visto aquela pequena confusão, as crianças brincando, alguns dos supervisores jogando bola com elas dentro da água e eu cheguei a pensar que essa dinâmica era perigosa e se alguém acabasse submerso ali, ninguém ia reparar”, lamentou.
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Como o acidente aconteceu
As câmeras de segurança mostraram exatamente como Hiroto acabou afogado na piscina sem ser percebido. O menino estava com uma boia presa pela cintura, era uma espécie de cinto com a parte flutuante nas costas. Momentos antes, ele se preparou e pulou dentro da água com o acessório.
Reprodução / FNN.
No entanto, o impacto do pulo fez com que a parte em volta de cintura se desprendesse do corpo. O menino caiu na água sem nenhuma proteção e em um ponto onde não dava pé. Ele não conseguiu se movimentar para pedir ajuda e se afogou silenciosamente, enquanto adultos e crianças brincavam ao redor sem perceber nada.
Reprodução / FNN.
Mesmo após esse descuido que tirou a vida do filho, o pai de Hiroto disse que não deseja que a escola feche as portas por causa da tragédia.
“Foi um local de boas lembranças para mim e os meus filhos e tem muitas crianças pequenas no Japão que adoram nadar. Eu quero que esse lugar de lazer continue existindo para as crianças, mas que tomem medidas efetivas para que isto nunca mais aconteça”, disse.
A opinião de especialistas
Em uma reportagem da emissora Asahi, alguns especialistas falaram das possíveis causas do afogamento na piscina e levantaram dois pontos importantes: a velocidade com que o acidente aconteceu e o silêncio.
O fato de que as crianças tinham a boia presa nas costas pode ter sido também um fator que provocou o descanso dos supervisores, crentes de que não ocorreria nenhum afogamento.
“Um afogamento acontece em um instante. É coisa de 30 segundos, um minuto… e a vítima não consegue dizer nada, não há como gritar”, explicou.
E para o médico especializado em acidentes aquáticos, Masahiko Sakamoto, a imagem de uma pessoa fazendo um escândalo na água antes de se afogar não é o que costuma acontecer na realidade.
“Quando se está se afogando, não há tempo para levantar as mãos e chamar atenção, a vítima está concentrada na necessidade de respirar. Não há movimentos e uma morte pode acontecer em meio ao total silêncio. Por isso, quando há crianças brincando na água, os adultos não podem se descuidar por nenhum momento”, revelou.
Infelizmente o caso do menino que acabou afogado na aula de natação não tem volta, mas uma lição pode ser tirada da tragédia para reforçar os cuidados não apenas na escola envolvida, mas em todas as empresas e instituições que trabalham com o nado infantil.
E sobre o caso do menino, a polícia japonesa ainda está investigando todos os detalhes e a atuação da escola. A suspeita é de morte por negligência e a instituição pode responder legalmente pela tragédia.