Amagasaki – Desde o início da primavera um assunto tem sido visto nos noticiários japoneses: o que fazer com as máscaras no verão, já que o acessório que protege contra o coronavírus também pode causar excesso de calor e a perigosa hipertermia.
O verão ainda não começou, mas um caso sério foi registrado na última sexta-feira (3). Na Escola Ginasial Tachibana na cidade de Amagasaki, província de Hyogo, 22 crianças acabaram sendo levadas ao hospital com sintomas como náuseas e dor de cabeça, depois de uma aula de educação física de máscara.
Segundo uma reportagem do Jornal Yomiuri, as crianças estavam em um treino para um evento esportivo. No salão, 570 alunos participaram do ensaio do desfile que será realizado no evento e como não era possível manter uma distância segura entre os alunos, a escola optou por não instrui-los para que tirassem os acessórios do rosto.
Esta foi a justificativa dada pela administração quando as crianças começaram a passar mal ao mesmo tempo e a situação fugiu do controle. Os alunos foram socorridos rapidamente e atendidos no hospital. Nenhum deles desenvolveu sintomas mais graves e todos voltaram para a casa algumas horas depois. Mesmo assim, o risco foi alto.
A hipertermia é uma condição comum no verão japonês, responsável por levar milhares de pessoas para as emergências. Muitos idosos que vivem em apartamentos sem ar-condicionado acabam falecendo nas casas abafadas nesta época do ano, mas a condição, que provoca o aquecimento do corpo, não é perigosa apenas para os mais velhos.
Nos últimos anos, houve casos também de crianças pequenas que passaram mal e vieram a óbito depois de aulas de educação física ou passeios no parque em um dia de sol escaldante. Com a pandemia, a situação se agravou, já que a máscara favorece a condição. Desde 2020, o número de casos de pessoas atendidas nas emergências hospitalares aumentou por causa do acessório.
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Instruções do governo para o uso de máscara no verão
O governo japonês vem discutindo nos últimos meses a questão das máscaras no verão e algumas decisões foram tomadas, como instruir a população para que não use o acessório ao ar livre, quando houver uma boa distância de outras pessoas e principalmente quando estiver debaixo do sol, que é um cenário mais propenso para que o organismo sofra com o excesso de calor.
O Ministério da Educação (MEXT) divulgou no dia 24 de maio uma instrução para todas as escolas. Por regra, as instituições devem liberar o uso da máscara em aulas esportivas. No entanto, o Ministério também explicou em seu material oficial que quando não houver a possibilidade de manter uma boa distância entre os alunos e o risco de hipertermia for baixo, a recomendação é de que os alunos continuem de máscara.
Isso pode ter gerado interpretações distintas. No caso da escola de Amagasaki, os educadores podem ter pensado que o cenário era de baixo risco de hipertermia, mas as crianças estavam sofrendo com o calor em um ambiente abafado. O caso pode fazer com que o governo japonês tome novas medidas e refaça suas orientações para que não ocorram novos incidentes nos meses mais quentes deste ano, que ainda estão por vir.