Tóquio – O tempo em que os filhos passam com video games, jogos de computador ou de celular pode ser um fator de preocupação para os pais. Tentar convencer o filho a fazer outra atividade ou reduzir o tempo de forma forçada pode gerar estresse, reclamações e brigas em casa.
Nesta situação, é normal que os pais se perguntem sobre qual seria a melhor estratégia e se há uma maneira efetiva de resolver o problema e garantir uma rotina mais diversificada e educativa para as crianças. Segundo uma reportagem do portal President Online, é possível vencer essa batalha de forma inteligente, com um truque de psicologia reversa.
Quem ensina isto é o médico especialista em trabalho e psiquiatria, Tomosuke Inoue, que atua em uma clínica na província de Osaka. Inoue explica que a melhor forma de lidar com o caso é definir uma regra (promessa) e uma punição ao filho, em caso de descomprimento.
“Por exemplo, se a regra for uma hora de jogo por dia e a criança passar disso, a penalidade é ficar três dias sem jogar. Mas os pais precisam levar muito a sério, se a criança passar do tempo e não sofrer a punição, não vai respeitar mais”, avisa.
Mas o segredo não está em definir uma regra para o filho cumprir, mas deixar que a própria criança decida o tempo que irá jogar dia e se comprometa em cumprir sua própria promessa.
“Este é o ponto”, diz Inoue. “As crianças estão acostumadas a abodecer as regras dos pais e fazem muitas vezes de má vontade. Neste caso, o seu filho terá que ter responsabilidade com aquilo que ele mesmo definir para si. Se ele falar que vai jogar três horas por dia, assim será”, explicou.
Em um primeiro momento, os pais devem concordar com aquilo que o filho prometer. É possível que a criança fique muito feliz com a ideia de jogar por bastante tempo todos os dias, mas aos poucos, a situação deve mudar.
Com o passar dos dias, os pais devem ficar de olho se o filho está mesmo cumprindo a promessa. Se ele parece com sono ou quer fazer outra coisa, mas não jogou as três horas prometidas, os pais devem ficar em volta dizendo-o para cumprir a promessa e jogar.
Parece contraintuitivo, já que os pais devem fazer exatamente o contrário do que o de costume. Em vez de dizer para a criança parar de jogar, devem mandá-la continuar jogando ainda que não queira, até que dê o tempo determinado.
“O ser humano odeia ser forçado. Mesmo um jogo que a criança adora vai se tornar ruim, caso se transforme em uma obrigação. Quando surgir este sentimento, ele
vai começar a perder o interesse”, explicou.
Quando chegar neste ponto, a promessa pode ser reduzida. As três horas por dia podem se tornar uma hora e em pouco tempo, já não será mais todos os dias.
“Este método é eficaz, mas exige coragem. Se você deixar a criança por conta, ela vai jogar o dia todo. Então vale a pena tentar”, diz.
Estudo de caso sobre games
Inoue também mostrou o caso de uma família que decidiu aplicar o método ao filho. A primeira experiência foi a de fazer a criança aprender a se comprometer com aquilo que ele mesmo diz e promete, o que é uma importante lição.
De início, a criança pareceu muito feliz em poder jogar três horas por dia. Mas ao passar dos dias, começou a ficar difícil, pois tinham dias que não dava para jogar tanto ou a criança queria fazer outra coisa, mas os pais insistiam e logo a brincadeira se tornou uma tarefa chata.
Depois de um tempo, a promessa teve que ser revisada. As três horas por dia foram reduzidas e o número de dias na semana também. Depois de seis meses, a regra se tornou “menos de uma hora durante cinco dias da semana”.
Neste ponto, os pais perceberam que se tornou comum passar cinco dias sem a criança jogar. Mas não tinha mais a necessidade de insistir. Eles pararam de tentar forçar e ficaram apenas observando. A questão dos jogos em casa deixou de ser um problema.