Em meio a sinais de recuperação econômica, o governo do Japão lançou nesta terça-feira (29) um alerta sobre os impactos negativos que as tarifas impostas pelos Estados Unidos podem ter sobre a economia japonesa, destacando a possibilidade de um novo retrocesso rumo à deflação.
A preocupação foi registrada no relatório anual sobre economia e finanças públicas, que abrange o atual ano fiscal até março. O documento reconhece que o Japão começou a se afastar do longo período de deflação que marcou as últimas décadas, com um ciclo emergente de aumento nos preços e salários. Esse movimento foi impulsionado pelas negociações salariais da primavera, que resultaram no maior reajuste em 34 anos.
Apesar desse avanço, o relatório aponta que os salários ainda não acompanham totalmente o ritmo da inflação, o que pode comprometer a sustentabilidade da recuperação econômica. A esse quadro se somam os efeitos das tarifas norte-americanas, tratadas como um fator de risco adicional, capaz de reduzir as perspectivas de crescimento do país.
“O Japão enfrenta agora o desafio de manter o impulso econômico ao mesmo tempo em que lida com pressões externas e cuida da estabilidade fiscal”, destaca o documento.
O relatório também chama atenção para os sucessivos pacotes de estímulo implementados nos últimos cinco anos. Somados, os orçamentos suplementares ultrapassam ¥170 trilhões (equivalentes a mais de US$1,1 trilhão), refletindo os esforços do governo para apoiar a economia durante crises como a pandemia de COVID-19 e as altas nos custos de energia.
No entanto, autoridades japonesas reconhecem que é necessário buscar um equilíbrio entre os estímulos econômicos e a disciplina fiscal. O relatório reforça a importância de continuar as reformas estruturais e o investimento em produtividade para sustentar o crescimento de longo prazo.
Com um cenário global volátil e incertezas sobre a política comercial dos Estados Unidos, o Japão se vê diante da difícil missão de proteger os avanços conquistados sem comprometer a saúde fiscal do país.