Tóquio – Era março de 2020 quando a pandemia foi declarada, havia um pavor coletivo e produto mais essencial para se proteger estava em falta: as máscaras descartáveis.
Diante deste cenário, o então primeiro-ministro Shinzo Abe se precipitou e o governo tomou uma decisão que já parecia ruim na época, mas agora, quase dois anos depois, se tornou um festival de desperdício de recursos e dinheiro público: a distribuição de máscaras de tecido para a população.
As chamadas abenomasks, máscaras reutilizáveis providenciadas pelo governo, surgiram com a melhor das intenções. O governo planejou distribuir duas máscaras em todos os domícilios no país e desembolsou cerca de ¥50 bilhões na confecção e distribuição.
Neste ano, o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-estar Social do Japão está tendo que lidar com a continuação do problema gerado pelo projeto no início da pandemia. Segundo uma reportagem da emissora Nippon TV, ainda há 80 milhões de “abenomask” guardadas e o governo decidiu que irá se desfazer do estoque.
Mas se livrar das tantas caixas de máscaras empilhadas não sairá barato. O custo para eliminar o estoque foi orçado em ¥60 milhões e deve dar um fim nesta história que vem consumindo dinheiro público desde o ano passado.
Apenas para manter o estoque, pagando os custos do depósito onde as máscaras estão, o governo desenbolsou ¥600 milhões no último ano fiscal (de abril de 2020 a março deste ano).
A decisão de acabar com o estoque veio da percepção do governo de que não há mais necessidade, uma vez que a distribuição de máscaras se estabilizou novamente e não vale a pena arcar com os custos do depósito.
O governo chegou a se esforçar para dar um fim nas máscaras de uma forma mais ecônomica e distribuiu para instituições, prefeituras, cidadãos comuns interessados. Mesmo assim, ainda havia muita máscara acumulada para dar um destino.
Leia também: Este bebê japonês, que tenta tocar o rabo da gata e não consegue, é a coisa mais fofa que você vai ver hoje
A novela abenomask
Logo que a distribuição de máscaras de tecido foi anunciada pelo governo, as críticas públicas e piadas começaram. O primeiro ponto duvidoso do projeto foi a logística, já que a ideia era distribuir duas máscaras que poderiam ser lavadas para todos os domicílios.
Pessoas que moram sozinhas acabaram ficando com as duas máscaras, enquanto que famílias grandes na mesma casa não conseguiram aproveitar os acessórios e muita gente nem chegou a utilizar, apesar do estoque assombroso.
Outra questão que aumentou a polêmica sobre as máscaras foi a higiene, com muitos relatos de pessoas que receberam máscaras com fios de cabelo ou insetos. Houve ainda muitas reclamações em relacão a qualidade do tecido e ao tamanho das máscaras. Pela televisão, podia-se observar quando o então premiê Shinzo Abe aparecia com a máscara, o quanto o modelo era menor do que os acessórios comuns vendidos no mercado.
Não demorou muito para que as máscaras descartáveis voltassem a aparecer nos mercados e farmácias. Pouco depois de distribuir para as casas, se tornou raro ver alguém na rua com uma abenomask.