Hotel ameaça cobrar ¥100 mil de limpeza de estudantes em quarentena no sul do Japão
Fukuoka – Cinco estudantes de uma escola técnica localizada na cidade de Fukuoka (região de Kyushu no sul do Japão) se hospedaram em um hotel local depois que um caso de coronavírus foi confirmado na escola no fim de fevereiro.
O hotel ficava perto da escola, no distrito Higashi. Os jovens estavam estudando e de quarentena ao mesmo tempo e pretendiam prorrogar a estadia, mas tiveram que desistir depois de serem informados sobre uma possível taxa de limpeza e desinfetação do quarto.
Alguns dias depois do início da hospedagem, os estudantes tentaram prorrogar o tempo no hotel, mas ao contar que houve um caso de coronavírus na escola, foram surpreendidos pela resposta na recepção:
“Se for confirmado que vocês estão contaminados, terão que pagar ¥100 mil pela limpeza do quarto. E se outros hóspedes cancelarem a estadia por causa disto, vocês também serão responsabilizados e terão que arcar com o prejuízo”.
Assustados com a possível despesa, os estudantes desistiram de continuar a hospedagem no local. O caso foi divulgado pela mídia japonesa e gerou questionamentos, pois a Lei de Gestão de Hotéis possui regulamentos rigorosos para a negar a estadia de hóspedes por motivos de contaminação por coronavírus.
Segundo uma reportagem do jornal Asahi, o caso foi problematizado por especialistas em legislação. No entanto, administradores de redes hoteleiras no Japão têm solicitado que esta lei seja revisada.
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Resposta do hotel
A escola informou que um de seus estudantes, que vivia em um dos dormitórios dos alunos, testou positivo para o coronavírus e parte do dormitório onde ele estava fechou temporariamente em decorrência disto.
O Centro de Saúde local não solicitou teste PCR ou quarentena em casa para alguns estudantes envolvidos com o jovem contaminado, pois estes alunos desistiram do exame nacional em fisioterapia, que fariam entre os dias 21 e 22 de fevereiro.
Deste grupo de estudantes, cinco pessoas decidiram se hospedar no hotel e seguir com os estudos de lá por algum tempo. No entanto, eles ficaram assustados com a possibilidade de ter que arcar com uma cobrança alta e desistiram da hospedagem.
Estes estudantes se dividiram em casas de amigos e segundo a reportagem, um deles chegou a chorar na escola depois da conversa na recepção do hotel, por causa do medo de ter que pagar as taxas extras.
“Eles não tiverem contato tão próximo com o estudante contaminado e o risco de infecção era baixo. Mesmo assim, foram intimidados pelo hotel com uma possível despesa de limpeza. Acredito que este tenha sido um tratamento discriminatório por parte do hotel”, disse um representante da escola.
O hotel se manifestou sobre o caso e disse que “não recusou a hospedagem de ninguém” e que tomou esta atitude por ter ocorrido um incidente parecido no ano passado.
De acordo com a administração, no ano passado, outro estudante da mesma escola, mas de outro dormitório na cidade, foi contaminado e um grupo de alunos se hospedou no hotel. No entanto, um dos hóspedes também estava contaminado e trouxe incômodos para o hotel e para outros hóspedes.
O hotel também disse que, no ano passado, não soube da situação previamente e a despesa de limpeza e desinfetação do quarto foi arcada pelo estudante que contraiu o vírus.
“O caso do ano passado causou transtornos e preocupações também para outros hóspedes. Pedimos que os clientes colaborem e divulguem as informações mais precisas possíveis sobre o risco de estarem infectados”, disse um representante da empresa responsável pelo hotel.