O Japão enfrenta um aumento contínuo nos preços do arroz, um dos alimentos básicos mais consumidos no país. Em uma tentativa de estabilizar o mercado, o governo anunciou a liberação de suas reservas emergenciais de arroz, que são mantidas para situações de emergência, como desastres naturais ou falhas na produção. O anúncio foi feito em 7 de fevereiro pelo Ministério da Agricultura, Silvicultura e Pesca (MAFF), que afirmou que a quantidade de arroz a ser leiloada seria definida ainda esta semana.
A medida surge em meio ao crescente impacto do aumento dos preços sobre restaurantes e empresas que dependem do arroz, como o restaurante de tempura Tempura Akimitsu, localizado em Tóquio. O proprietário Akimitsu Tanihara destacou que, apesar dos esforços para cortar custos, o preço do arroz cultivado no Japão subiu drasticamente, deixando poucas alternativas. Ele enfatizou ainda que seu compromisso é manter o uso do arroz nacional, mesmo com a pressão econômica.
No entanto, o aumento nos preços está afetando diretamente os negócios. Em 2 de fevereiro, o preço médio de varejo de um saco de 5 kg de arroz subiu 38 ienes, alcançando 3.688 ienes, o valor mais alto registrado até o momento, conforme dados do MAFF. A medida do governo é vista com cautela pelos empresários, que aguardam para ver se a liberação das reservas terá impacto significativo na estabilização dos preços.
Restaurantes, como um popular local de tempura em Asakusa, Tóquio, têm enfrentado custos dobrados em comparação com o ano passado. No entanto, o restaurante manteve o preço do cardápio sem alteração, inclusive mantendo o serviço gratuito de porções generosas de arroz. O proprietário do restaurante alertou, contudo, que, caso o preço do arroz continue a subir, um aumento nos preços será inevitável.
O Japão mantém um sistema de reservas de arroz, com o governo comprando entre 200.000 e 210.000 toneladas do grão anualmente, acumulando estoques de cerca de um milhão de toneladas. Esses estoques têm um ciclo de armazenamento de cinco anos e, quando vencem, são reaproveitados como ração para animais. Mas, a liberação dessas reservas para o mercado é uma medida incomum, e resta saber se será suficiente para impedir o aumento dos preços.
Tomio Kanazawa, presidente da Kanazawa Rice Sales, um atacadista de arroz da província de Gunma, declarou que, até o momento, não houve grandes mudanças nos preços. Ele acredita que a liberação das reservas pode ajudar, mas ressaltou que muitos atacadistas ainda estocam arroz, antecipando preços mais altos. Ele também pediu uma ação rápida por parte do governo, para que os armazenadores sejam incentivados a liberar seus estoques e permitir que o mercado se estabilize.
A expectativa é de que as próximas semanas revelem se a medida será eficaz ou se outras ações precisarão ser tomadas para evitar que o preço do arroz continue a subir e afete ainda mais a economia doméstica e o setor de alimentos no Japão.