Yaotsu – Tetsuo Yamada (nome fictício) tinha 33 anos quando tirou a própria vida em setembro de 2017. O suicídio aconteceu em meio a um quadro de depressão e um dia depois de se desligar da empresa. A história se trata de mais lamentável caso de morte por excesso de trabalho no Japão.
O homem, que não teve o nome verdadeiro divulgado, era funcionário efetivo da Gifu Koki, uma empresa subsidiária de peças de automóveis que atua na cidade de Yaotsu (província de Gifu).
Ele havia entrado na empresa em 2006 e atuava como o responsável pela manutenção de equipamentos e preparativos de produção. O trabalho em si já era bastante ocupado, mas segundo uma reportagem da Emissora Asahi, piorou em meados daquele ano, quando a empresa recebeu novas máquinas.
Yamada ganhou a missão de convencer a empresa-mãe a custear parte das despesas dos equipamentos novos e por causa disso, começou a preparar documentos e relatórios.
Entre o fim de abril e maio de 2017, foram 22 horas extras, mas entre 15 de junho e 15 de julho daquele ano, ele totalizou mais de 100 horas extras. Yamada tirou férias no dia 25 de julho e se desligou da empresa no dia 20 de setembro. No dia 21, cometeu suicídio dentro de casa.
Leia também: Os jovens japoneses que desistiram do emprego por causa de abusos: “foram 5 meses quase sem dormir”
Morte por excesso de trabalho
Depois de uma longa investigação, o Escritório de Inspeção de Normas Trabalhistas (Roudou Kijun Kantoku-sho) reconheceu que se trata de morte por excesso de trabalho, conhecido como “karoushi” em japonês. O fato do trabalhador ter chegado ao ponto de tirar a própria vida está relacionado com os danos psicológicos sofridos com a rotina exaustiva e os relacionamentos dentro da empresa.
O reconhecimento foi aprovado em agosto deste ano, mas o caso se tornou público no último dia 13, quando a defesa da família da vítima se pronunciou. O advogado, Yoichi Iwai, contou os detalhes sobre as funções de trabalho do homem e os sinais de que ele estava abalado nos últimos meses.
“A preparação de documentos e relatórios para a empresa-mãe não estavam resultando em aprovação e podemos deduzir que ele estava tendo problemas com o chefe”, comentou.
No fim de julho de 2017, quando já estava com depressão, ele chegou a falar sobre as dificuldades e o exceso de trabalho com a mãe, de 66 anos.
“Ele disse que ouviu coisas terríveis na empresa e que o trabalho estava muito difícil. Eu não pude fazer nada para salvá-lo e lamento muito por isso. Nunca vou perdoar essa empresa que acabou com a vida do meu filho”, desabafou a mãe.
A família pretende entrar com um processo e exigir indenização da empresa responsável.
De acordo com a reportagem, a Gifu Koki comentou brevemente o caso e não entrou em detalhes.
“Vamos verificar os detalhes do reconhecimento do caso como acidente de trabalho e lidar com a situação de forma necessária”, disse um representante.