Tonami – A Panasonic é mais uma empresa japonesa que está tendo que lidar com as consequências do excesso de trabalho e a falta de um sistema capaz de proteger os trabalhadores de abusos em suas funções e sobrecarga de responsabilidades.
Em 2019, um funcionário de então 43 anos, que tinha um cargo de chefia na fábrica de eletrônicos da empresa em Tonami (província de Toyama), acabou cometendo suicídio como consequência de uma depressão desencadeada pelas condições severas de trabalho.
Uma reportagem do Jornal Asahi mostrou partes da entrevista coletiva com a esposa, que não teve o nome divulgado, mas contou em que condições o marido se encontrava nas semanas que antecederam a tragédia.
O trabalhador precisava lidar com uma carga maior de trabalho do que dava conta e por um longo período, sofreu com a necessidade de fazer horas extras prolongadas e ainda levar trabalho para a casa.
“O meu marido estava sofrendo muito em casa, enquanto trabalhava nos horários em que deveria estar descansando. Acho que tinha muita responsabilidade em cima dele, que ele precisava carregar sozinho”, contou.
A Panasonic se desculpou com a família da vítima e fez um acordo de pagamento de indenização aos familiares pelo caso. Os valores não foram divulgados.
“Eu quero que nunca mais deixem acontecer algo parecido de novo. Acredito que é preciso que os funcionários e chefes trabalhem em um ambiente onde possam pedir ajuda e conversar caso a situação esteja ruim”, disse.
O advogado da família, Tadashi Matsumaru, também comentou sobre as medidas que acredita que são necessárias para que não ocorram novos casos no futuro.
“As empresas precisam ter um controle sobre as horas trabalhadas e as condições de saúde de cada funcionário. As leis do Japão também devem reconhecer que levar o trabalho para a casa é uma forma de hora extra irregular”, opinou.
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Melhorias na Panasonic
A Panasonic utilizou a circunstância da morte do funcionário como um impulso para efetivar melhorias e parece comprometida em evitar que outras tragédias ocorram por motivos relacionados ao excesso de trabalho e as condições.
Na terça-feira (7), a empresa divulgou em seu site oficial um plano preventivo para evitar que outros funcionários sofram circunstâncias parecidas no trabalho. Uma das medidas é a implementação de um sistema capaz de controlar formalmente as horas de atividade de cada trabalhador.
Além disso, a empresa pretende efetivar reuniões entre chefes e subordinados que visam promover a compreensão mútua nos relacionamentos de trabalho.
“Nossa meta é eliminar as obrigações de trabalho que sobrecarregam e acabam por sacrificar um único trabalhador. Queremos promover um ambiente de trabalho saudável, onde todos possam realizar suas atividades com tranquilidade”, disse o comunicado.
Não são incomuns os casos de mortes de trabalhadores no Japão, provocadas por suicídio ou condições de saúde oriundas das longas jornadas, sobrecargas e horas extras irregulares. O governo japonês tem tomado medidas para melhorar o sistema de trabalho no país, mas ainda encontra barreiras com empresas que não respeitam as leis trabalhistas.