Tóquio – Anna Yagi, uma japonesa de 32 anos, traçou o próprio destino no dia em que decidiu pesquisar no Twitter por oportunidades de emprego que pagassem bem. Ela se interessou por uma oferta que prometia ganhos altos e rápidos e um trabalho “nada complicado”.
Desempregada, Anna se interessou pela possibilidade de resolver suas questões financeiras rapidamente e foi atrás da vaga de emprego ofertada. Ela acabou em contato com um homem pelo Telegram, em um sistema de mensagens que não deixa rastros.
A tal “vaga de emprego” era nada mais do que uma função típica no mundo do crime. Anna deveria seguir as ordens do sujeito pelo aplicativo de mensagens, mas ela não ficou sabendo o nome dele em nenhum momento.
As ordens consistiam em cumprir o papel de enganar uma vítima idosa durante uma visita e receber o cartão do banco dela. A japonesa seguiu em frente e obedeceu todas as instruções. Segundo uma reportagem da emissora Fuji, ela bateu na porta de uma idosa na faixa de 80 anos e se apresentou como uma funcionária da Associação de Bancos do Japão.
A reportagem não contou detalhes da conversa que ela teve com a idosa, mas tudo foi instruído pelo homem no aplicativo de mensagens. E o golpe funcionou. Ela recebeu o cartão do banco da vítima em mãos e, em troca, entregou um envelope branco a ela.
A vítima esperava um cartão novo, mas quando abriu o envelope, encontrou três cartas de baralho dentro e acionou a polícia. Os policiais identificaram a mulher que esteve na casa da idosa e efetuaram a prisão em pouco tempo.
A polícia segue investigando para tentar identificar os outros envolvidos no golpe.
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As ofertas suspeitas no Twitter
Foto de Souvik Banerjee na Unsplash.
O Twitter tem sido muito utilizado no Japão para conectar gangues de criminosos com pessoas em busca de um trabalho com ganhos rápidos.
Basta uma busca rápida com os termos utilizados pela japonesa na rede social para encontrar uma lista grande de ofertas e cartazes suspeitos, que oferecem mais de ¥500 mil ao mês e a renda de um ano inteiro em poucos meses para realizar um serviço “simples”, apenas “utilizando o celular”.
No mês passado, uma pesquisa assustadora do professor Katsunari Yoshioka, da Universidade Nacional de Yokohama, mostrou como tem se tornado fácil o envolvimento de pessoas comuns no mundo do crime através da internet.
O professor pesquisou durante um mês e meio por termos como “kougaku baito” (trabalho com ganho alto / 高額バイト) no Twitter, em forma de busca comum e hashtags. Ele reportou mais de 34 mil ocorrências durante este período. Muitas ofertas suspeitas que, indiretamente, convidam o interessado a se envolver com quadrilhas de golpistas ou conduzem a pessoa para um site enganoso através da oferta e tentam roubar dados.
Seja por desespero, falta de caráter, ganância ou incapacidade de medir as consequências, o fato é que essa porta aberta tem levado pessoas que nunca tinham se envolvido com crimes antes a aceitar funções que envolvem enganar os outros para ganhar dinheiro rápido.
Os dados da pesquisa do professor Katsunari foram divulgadas e uma matéria da Kyodo News e ele fez um alerta:
“É muito fácil se conectar a qualquer pessoa através do celular e estamos em uma era em que qualquer um pode se envolver com o mundo do crime com facilidade”.