Tóquio – A vida de cobaia de testes clínicos pode ser arriscada, mas oferece ganhos financeiros suficientes para permitir que algumas pessoas decidam viver apenas com esta renda.
Uma reportagem do portal Nikkan SPA! conversou com Jun (nome fictício). Um jovem japonês na faixa de 20 anos de idade, que tem se dedicado a uma carreira inusitada de “cobaia profissional”.
Ele não se revela sua identidade, mas conta um pouco sobre a atividade de cobaias em sua conta no Twitter (@pro_chikelahr) e em um canal no Youtube. Jun também tem atraído atenção e feito aparições na mídia japonesa.
O jovem já participou de mais de 50 experimentos clínicos e tirou sangue mais de 2.300 vezes desde que decidiu viver como um cobaia profissional. Por causa da pandemia, também foi afetado pela menor oferta de testes, mas ainda assim consegue se manter vivendo apenas como cobaia.
“Eu um ano bom, minha renda chega a ¥5 milhões. Antes da pandemia, havia muita oferta de testes internacionais que pagam melhor, mas com as restrições de viagens não está sendo possível. Ano passado ganhei ¥2 milhões e por causa das internações e refeições gratuitas durante o período de teste, consigo me sustentar”, revelou.
Ele conta que recebe em média ¥20 mil como diária de um teste de laboratório japonês e ¥40 mil quando o teste é estrangeiro. Os testes fora do Japão pagam melhor, mas os riscos podem ser assustadores.
“Os testes no exterior possuem recompensas melhores, mas há cláusulas na carta de consetimento que dizem, por exemplo, que se o teste provocar cegueira não há pagamento de indenização. O valor que oferecem é alto, mas o risco também”, explica.
Mesmo assim, ele não desanima e segue se inscrevendo para participar sempre que há uma oportunidade.
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Vida atlética como cobaia
Há requisitos para a vida de cobaia. Qualquer candidato depende de ser selecionado para participar dos testes e, para isto, é preciso ter um porte físico adequado, ser saudável e não ter nenhuma doença relevante.
Jun conta que vive como um atleta. Ele cuida a alimentação, faz atividades físicas regulares, toma suplementos e raramente consome bebidas alcoólicas.
“É preciso cuidar da saúde, pois se não for escolhido, não há recompensa. Tenho um controle de saúde rigoroso e consigo aumentar as minhas chances de seleção nos testes que exigem que os participantes estejam com a saúde em dia”.
A idade também ajuda Jun, que ainda está na faixa de 20 anos. O problema é que a carreira de cobaia também é parecida com a carreira de atleta do ponto de vista temporal: depois de uma certa idade, fica difícil ser selecionado para testes clínicos.
“Há alguns testes para pessoas de meia idade, mas passando dos 40 anos, a oferta cai consideravelmente. Pretendo seguir com esta vida enquanto for possível continuar me candidatando”, afirma.
Jun não contou nenhuma história que envolva prejuízos de saúde. Até o momento, tem conseguido garantir o sustento como cobaia e se manter saudável apesar dos testes variados nos quais se submete.
No entanto, o sofre um risco constante de sofrer com problemas de saúde ou sequelas dos testes, que precisam ser analisados no organismo humano para ter a segurança comprovada e a comercialização aprovada pelo governo.