O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca para uma viagem ao Japão e ao Vietnã entre os dias 24 e 29 de março, com o objetivo de fortalecer relações comerciais e diplomáticas. No Japão, Lula irá negociar a abertura do mercado japonês para a carne bovina brasileira, uma demanda histórica do Brasil, além de avançar nas tratativas para um acordo comercial entre o país asiático e o Mercosul.
Prestígio diplomático e oportunidades comerciais
A chegada de Lula ao Japão no dia 24 de março simboliza a importância das relações bilaterais. O Itamaraty destaca que o convite ao presidente brasileiro reflete o alto prestígio concedido pelo governo japonês, que tradicionalmente recebe apenas um chefe de Estado estrangeiro por ano. A última visita oficial de um líder ao Japão ocorreu em 2019, quando o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, esteve no país.
O Japão é o segundo maior parceiro comercial do Brasil na Ásia, ficando atrás apenas da China, e ocupa a 11ª posição no ranking global de relações comerciais do Brasil. A nação asiática abriga ainda a quinta maior comunidade brasileira no exterior, com cerca de 200 mil residentes. Em termos de investimentos, o Japão ocupa a nona posição entre os maiores investidores no Brasil, com um estoque de US$ 35 bilhões em 2023, um aumento de 23% em relação ao ano anterior.
Carne bovina e Mercosul em pauta
Um dos principais focos da visita é garantir um compromisso político do Japão para o envio de uma missão técnica ao Brasil, com o objetivo de inspecionar as condições sanitárias da produção de carne bovina brasileira. Essa etapa é essencial para o Brasil obter permissão para exportar carne bovina ao mercado japonês, uma reivindicação em curso desde 2005.
O Japão importa cerca de 70% da carne bovina que consome, movimentando aproximadamente US$ 4 bilhões anuais. Atualmente, 80% desse volume é fornecido por Estados Unidos e Austrália, tradicionais aliados japoneses. Durante a visita do primeiro-ministro Fumio Kishida ao Brasil, em maio de 2024, Lula reforçou a importância de abrir esse mercado para os produtores brasileiros.
Outro ponto relevante das negociações é o avanço nas tratativas para um acordo comercial entre o Mercosul e o Japão. Segundo o embaixador Eduardo Paes Saboia, secretário de Ásia e Pacífico do Ministério das Relações Exteriores, os países do bloco sul-americano estão favoráveis ao acordo, mas sua concretização também depende do interesse japonês.
Visita ao Vietnã: busca por parceria estratégica
Após a agenda no Japão, Lula seguirá para o Vietnã, onde desembarca em 28 de março. O Vietnã é atualmente o quinto maior importador de produtos agropecuários brasileiros e tem se tornado um parceiro econômico estratégico.
Um dos objetivos principais da visita é elevar o Vietnã ao status de Parceiro Estratégico do Brasil, o que permitirá um aprofundamento no diálogo político, ampliação da cooperação econômica e aumento do fluxo de comércio e investimentos entre os dois países. Atualmente, apenas a Indonésia detém esse status entre os países do Sudeste Asiático.
Desde que assumiu seu terceiro mandato, Lula se reuniu com o primeiro-ministro vietnamita, Pham Minh Chinh, em duas ocasiões: em setembro de 2023, em Brasília, e em novembro de 2024, na cúpula do G20, no Rio de Janeiro. Em 2024, o comércio bilateral entre Brasil e Vietnã movimentou US$ 7,7 bilhões, com um superávit de US$ 415 milhões para o Brasil. Em comparação, quando Lula visitou o país em 2002, o volume comercial era de apenas US$ 500 milhões.
A meta estabelecida para os próximos anos é elevar o volume de comércio entre Brasil e Vietnã para US$ 15 bilhões. Segundo o embaixador Saboia, a visita de Lula ao país se insere em um contexto mais amplo de aproximação do Brasil com nações do Sudeste Asiático, ampliando oportunidades de negócios e investimentos.
A viagem ao Japão e ao Vietnã reforça a estratégia do governo brasileiro de fortalecer laços com potências asiáticas, buscando maior inserção no mercado internacional e diversificação dos parceiros comerciais.