Kakamigahara – Um médico que atuava no Hospital Central de Tokai, na cidade de Kakamigahara (província de Gifu), decidiu deixar o trabalho depois de ter provocado mortes acidentais de três pacientes.
Entre os anos de 2016 e 2022, os pacientes na faixa de 60 a 70 anos idade foram submetidos à cirurgias de hepatectomia (remoção de uma parte do fígado). Durante o processo, eles acabaram sofrendo danos nas veias e hemorragias severas que resultaram no óbito.
Segundo uma reportagem do Jornal Yomiuri, o primeiro caso aconteceu em fevereiro de 2016, o segundo em agosto de 2018 e o último em fevereiro de 2022. Porém, demorou bastante tempo até que fossem reconhecidos pelo hospital.
Inicialmente, o hospital não considerou que as mortes ocorridas em 2016 e 2022 tivessem sido acidentais. Porém, houve orientações do Centro de Saúde e um comitê de investigação com especialistas de fora do hospital foi montado para analisar os casos.
Os casos foram esclarecidos pela investigação, que recomendou que o hospital analisasse com cuidado a viabilidade das cirurgias. O comitê também entendeu que faltava compreensão do sistema pela direção do hospital.
O diretor do hospital, Haruo Matsui, se manifestou publicamente e se comprometeu em realizar as melhorias propostas.
“Estamos rezando pelos pacientes e pedimos desculpas profundas às famílias. Recebemos com seriedade o parecer da investigação e vamos trabalhar em prol da segurança e prevenção de casos futuros”, comentou.
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Erro médico em hospitais no Japão
Não é a primeira vez que um caso parecido acontece em um hospital no Japão. Houve outro caso notório entre os anos de 2010 e 2014, quando 8 pacientes morreram após cirurgias realizadas no Hospital da Universidade de Gunma.
Os casos também aconteceram pelas mãos de um mesmo médico, que foi apelidado de “demônio das mortes”. Todos os pacientes passaram por cirurgias hepáticas e tiveram a morte confirmada em menos de 4 meses após o procedimento devido à falência do órgão.
Neste caso, ficou constatado que eram cirurgias complexas, sem cobertura pelo seguro de saúde e sem confirmações de eficácia e segurança. Mesmo assim, os procedimentos foram realizados sem comprometimento ético e os pacientes não foram devidamente avisados sobre as circunstâncias e os riscos.
Casos assim afetam a confiança da população com os procedimentos hospitalares e exigem investigações profundas, medidas de segurança e orientações para que não volte a acontecer.