Tóquio – O Japão sofre com a falta de mão de obra que vem atingindo alguns setores em especiais, especialmente o cuidado com idosos. Sem um número adequado de trabalhadores, os funcionários ativos de casas de repouso acabam sobrecarregados e cumprindo mais funções do que deveriam no dia a dia de trabalho.
O portal de direcionamento de carreira, Career Connection, fez uma enquete entre os leitores e pediu para que os internautas que acabaram desistindo do trabalho depois de pouco tempo de serviço relatassem seus motivos. A história de uma japonesa na faixa de 50 anos, que trabalhava cuidando de idosos, acabou chamando atenção.
A mulher, que mora na província de Kanagawa e tem renda de ¥2,5 milhões por ano, contou que atuava em uma casa de repouso, mas acabou desistindo do emprego depois de um ano.
Ter aguentado por um ano pode ter sido muito no caso dela. As condições eram ruins e o emprego acabou desencadeando problemas de saúde e psicológicos.
“Eu ficava muitos dias no plantão no noturno, entrava no fim da tarde e trabalhava até a manhã do dia seguinte. Nestes dias, eu era responsável pelo terceiro andar inteiro. Tinha que atender sozinha 50 idosos durante toda a madrugada”, relatou.
Ela ouviu dos chefes que poderia descansar no tempo livre durante o serviço. O problema é que não tinha tempo livre. Como eram muitos idosos precisando de suporte, os alarmes tocavam o tempo todo e a funcionária passava a noite correndo de um lado para o outro, tentando atender as pessoas rapidamente.
E não era só isso, os casos de estágio terminal complicavam ainda mais a rotina.
“Tinham alguns idosos internados que estavam em estágio terminal. Por causa disso, eu não conseguia sossegar por nenhum minuto. Eu acho que eles deviam ter um atendimento médico especializado para esses casos”, disse.
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Consequências para a saúde
As péssimas condições fizeram com que a trabalhadora desistisse do emprego depois de um ano de atuação. Mas os problemas tampouco foram resolvidos depois de se desligar do serviço.
Ela contou ao portal que acabou desencadeando problemas de saúde em decorrência do estresse intenso e a ansiedade que enfrentava na rotina de trabalho nesta casa de repouso.
“Eu sofri uma disautonomia e por causa disto, também desenvolvi a doença de ménière, que é um distúrbio no ouvido que provoca muita vertigem. Senti que a minha saúde estava dando um grito de socorro enquanto eu estava naquele trabalho”, contou.
A disautonomia é uma doença que afeta o sistema nervoso autônomo e provoca sintomas como cansaço, taquicardia, crises de ansiedade, tonturas e desmaios.
“Mesmo agora eu ainda sofro com as vertigens recorrentes e estou em tratamento com medicação. Eu finalmente entendi a importante de cuidar de mim mesma. Eu devo proteger a minha saúde e penso que quem trabalha com idoso também deve ter clareza sobre a importância de cuidar de si mesmo”, sugeriu.