Tóquio – Um brasileiro persistiu durante seis semanas em uma missão de vingança contra uma loja de conveniência localizada no bairro Kabuki em Shinjuku, na capital japonesa. Durante um mês e meio, ele invadiu a loja três vezes de bicicleta, apareceu com amigos, fez imagens, intimidou, proferiu ameaças e xingamentos.
O homem foi identificado como Marcos Fernandes Hasebe, de 36 anos. Filho de mãe japonesa e pai brasileiro, ele veio ao Japão aos 4 anos de idade e fixou residência permanente.
Curiosamente, Hasebe era vice-líder de um grupo voluntário que ajuda os jovens que sem reúnem na região de Toyoko Kizzu em Kabuki. O bairro é famoso pela vida noturna, bares e prostituição. Nesta região, as crianças e adolescentes que se reúnem enfrentam problemas de todos os tipos, como negligência familiar e maus-tratos em casa.
O grupo voluntário ajuda com distribuição de alimentos, orientações, conselhos e outras atividades. O líder desta organização também chegou a ser preso por causa de outro incidente, mas já foi liberado pela polícia.
De acordo com uma reportagem da Emissora Fuji, o caso de Hasebe pareceu envolver um único propósito: incomodar a loja onde se sentiu mal recebido e não teve um pedido para esquentar sopa atendido.
O incidente que provocou suas ações aconteceu no dia 17 de outubro do ano passado. Hasebe estava empenhado na atividade de ajudar os jovens reunidos no bairro e comprou bolinhos de arroz na loja para distribuir. Mas ele estava também com uma tigela de lámen que foi comprada em outro estabelecimento e pediu ao atendente para esquentar a sopa.
Como o lámen não tinha sido comprado naquela loja, o atendente recusou. Isto teria provocado uma reação violenta no cliente. Hasebe gritou, xingou o funcionário, ameaçou de morte e disse que ia fazê-lo desistir do trabalho. A última ameaça pode ter sido séria: deste dia em diante, ele passou a voltar quase na loja quase diariamente para perturbar.
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“Não gostei do comportamento do atendente”
Marcos Fernandes Hasebe, de 36 anos, é filho de pai brasileiro e mãe japonesa. Reprodução / FNN.
O brasileiro confirmou com a polícia japonesa que suas ações foram provocadas pelo episódio da sopa de lámen. A prisão ocorreu por invasão e perturbação à atividade comercial. Desde o incidente, Hasebe estava proibido de entrar naquela loja, mas não respeitou essa ordem.
A loja fez 29 ligações ao número emergencial da polícia para relatar que um cliente na lista de entrada proibida estava no local. Houve também uma denúncia registrada no posto policial de Kabuki.
O brasileiro, além de invadir a loja de bicicleta com seus amigos e ameaçar os funcionários, fez vídeos e fotos e postou nas redes sociais.
Por fim, o gerente da loja registrou a denúncia e a polícia de Shinjuku passou a investigar. No dia 8 de fevereiro, o brasileiro foi preso e confirmou todas as acusações. O evento que motivou a prisão foi a ida à loja no dia 3 de janeiro, quando entrou de bicicleta rodeado por uns amigos (como mostra a imagem ilustrativa).
A polícia deve mapear os outros episódios antes de prosseguir ou não com indiciamento.