Tóquio – A colisão entre um avião com 367 passageiros e uma aeronave da guarda costeira no Aeroporto de Haneda poderia ter acabado com centenas de vítimas fatais, mas a rápida atuação da tripulação da Japan Airlines (JAL) conseguiu garantir que todos os passageiros evacuassem em segurança.
O caso passou a ser chamado de “O Milagre dos 18 minutos” pela mídia japonesa e também internacional. Este foi o tempo em que os 12 tripulantes precisaram para conduzir os passageiros para fora do avião que estava sendo consumido pelas chamas.
A fumaça começava a entrar na cabine e uma desorganização ou atraso neste procedimento poderia ter sido o suficiente para acabar com a vida de todos os embarcados.
Segundo uma reportagem do Portal Norimono News, alguns funcionários da empresa explicaram que a operação foi bem-sucedida por causa do treinamento dos tripulantes e também pela colaboração dos passageiros.
O avião era um airbus A350-900, com capacidade para 369 passageiros. O avião quase lotado tinha partido do Aeroporto de Chitose, em Hokkaido e pousado no Aeroporto de Haneda momentos antes do acidente.
A aeronave tinha um total de oito portas, quatro de cada lado e o mecanismo que aciona um escorregador inflável para evacuação de passageiros em terra. Além disso, o avião foi desenhado de acordo com a “regra dos 90 segundos”, que implica no uso de metade das portas do avião para a evacuação dos passageiros em uma emergência.
A regra consiste em facilitar uma evacuação rápida, de modo que os passageiros consigam deixar a cabine em 90 segundos. Mas no caso do acidente no Aeroporto de Haneda, mais da metade das portas não podiam ser usadas, além de que o avião estava lotado.
Tornou-se impossível evacuar os passageiros em 90 segundos, mas a tripulação conseguiu acelerar o processo a tempo de evitar uma tragédia maior.
“No momento do acidente, o sistema avisos do avião parou de funcionar e a tripulação teve que orientar os passageiros com megafones e no boca a boca. As saídas seguras da aeronave foram identificadas e os passageiros foram conduzidos por três saídas de emergência.”, disse um representante da JAL.
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Controle de pânico no avião
A situação era grave e perigosa, embora não fosse como um acidente aéreo sem chances de sobrevivência. Os funcionários da JAL haviam sido treinados para lidar com emergências do tipo e uma das regras mais básicas era o controle do pânico generalizado.
O mesmo representante da JAL que deu entrevista sobre o caso, explicou:
“Os pilotos detectaram um impacto repentino logo após o pouso e em um primeiro momento, não reconheceram a presença do fogo. Eles foram informados pela tripulação da cabine e deram as instruções de evacuação. Foi preciso agir rápido, conter o pânico entre os passageiros e conduzir pelas saídas seguras”.
O “milagre dos 18 minutos” também funcionou por causa da obediência dos passageiros em seguir as ordens para deixar a cabine. A tripulação orientou a todos para que não tentassem carregar os pertences durante a evacuação e o pedido foi atendido.
Houve uma última verificação no fim de 18 minutos e alguns passageiros ainda estavam na cabine. Eles foram conduzidos para a saída e o capitão foi o último a deixar o avião em chamas em segurança.
O avião da Guarda Costeira não tinha autorização para estar na pista, o que acabou provocando o acidente. Era uma aeronave menor, com 6 tripulantes, que se preparava para levar mantimentos para Niigata depois da sequência de fortes terremotos que atingiu a região no primeiro dia do ano.
Cinco pessoas que estavam no avião da Guarda Costeira morreram no acidente. No voo que veio de Hokkaido, 17 pessoas ficaram feridas e 4 foram ao hospital, mas estavam todos fora de perigo depois da rápida evacuação.