Seul – A Coreia do Sul viveu uma de suas piores tragédias da história recente neste Halloween. Milhares de pessoas se aglomeraram na ruas do popular bairro de Itaewon para a comemoração do dia das bruxas e em uma rua estreita, os participantes da festa acabaram esmagados uns sobre os outros.
O caso que ainda não foi muito bem esclarecido pelas autoridades locais deixou 154 mortos e outros 150 feridos. Muitas vítimas fatais eram pessoas jovens, mulheres e havia 26 estrangeiros residentes. Entre eles estão duas japonesas: Mei Tomikawa, de 26 anos e An Kozuchi, de 18 anos. As duas faziam intercâmbio no país vizinho.
O pai de Mei, Ayumu Tomikawa, de 60 anos, contou ao Jornal Asahi que assim que soube do tumulto em Seul, tentou ligar para a filha para alertá-la do perigo. Mas Mei não atendeu o telefone e de início, o pai não imaginou que ela poderia estar na festa de Halloween.
“Eu pensei que talvez ela estivesse dormindo, mas tentei ligar muitas vezes. Depois de um tempo, a polícia atendeu o telefone e eu soube pela primeira vez que a minha filha tinha se envolvido no acidente”, lamentou.
Ayumu contou que a filha estava morando em Seul desde junho por causa de um intercâmbio linguístico e que gostava muito da Coreia do Sul.
“Ela adorava a Coreia do Sul e creio que estava se divertindo muito lá. A Mei tinha feito muitos amigos e um dia antes do acidente, tinha dito que ia passear com uma amiga da França. Mais do que todos nós, ela deve estar lamentando muito o que aconteceu”, comentou.
A família que mora em Nemuro, na província de Hokkaido, partiu do Aeroporto de Chitose para Seul nesta segunda-feira para finalizar o processo de reconhecimento do corpo. As digitais de Mei já tinham sido reconhecidas pelas autoridades sul-coreanas.
“Queria que fosse mentira”, disse o pai no aeroporto.
Leia também; Japonês que se recusou a usar máscara durante voo poderá pegar 4 anos de prisão.
A tragédia de Halloween
O bairro de Itaewon é popular principalmente entre jovens e estrangeiros e segundo uma reportagem do Washington Post, é lá que acontecem as maiores festas de Halloween da capital sul-coreana. O evento deste ano era especial: a primeira grande festa livre de máscaras, depois da prolongada pandemia do coronavírus.
E isto pode ter reforçado a vontade de participar. Cerca de 100 mil pessoas se reuniram no bairro na noite da comemoração. A aglomeração era intensa e se tornou perigosa quando muitas pessoas entraram em uma rua estreita e a situação foi saindo do controle. Houve muitos casos de parada cardíaca e os socorristas tentaram salvar dezenas de pessoas que estavam inconscientes.
De acordo com a CNN, algumas vítimas disseram que, conforme a multidão se apertava, uma situação de pânico tomou conta. “Era difícil de respirar e impossível de se mover”, um sobrevivente da tragédia comentou.
A situação de aglomeração tornou difícil o atendimento rápido dos socorristas, além da confusão de pessoas fantasiadas por todos os lados. As causas estão sendo investigadas e o governo do país declarou que irá tomar medidas preventivas, como administrar os eventos e festivais de rua para que aconteçam em segurança.
O governo também prometeu dar apoio psicológico para as vítimas e famílias enlutadas e disponibilizar um fundo para o tratamento dos feridos. Esta é a segunda maior tragédia que a Coreia do Sul enfrenta desde 2014, quando mais de 300 pessoas morreram em uma balsa que afundou.