Tóquio – O número de emergências 110 fica disponível para a população e deve cumprir uma função básica: atender ocorrências agilmente e garantir a segurança das vítimas, seja em um caso criminoso ou um acidente.
No Japão, a polícia que está pronta para atender emergências acaba sofrendo distrações e perdendo tempo com o atendimento de casos que estão longe de serem urgentes. Milhares de ligações pedem soluções ou ajuda para resolver um problema pessoal ou doméstico, que nada tem a ver com o trabalho dos policiais.
Uma reportagem da emissora TBS trouxe alguns casos á tona e expressou o desejo da polícia de gerar consciência na sociedade. Nesta terça-feira (10), o Japão celebra o dia do número de emergências 110. Pode parecer uma data comemorativa estranha, mas tem uma missão clara: fazer a população entender sobre a importância desse número.
A polícia deve ser acionada por este número em casos criminais ou acidentes, quando há risco para a vida, ameaças, tentativa de invasão domiciliar ou qualquer incidente que a vítima sinta o perigo e precise um socorro rápido. Para coisas menores, inclusive questões domésticas, a polícia atende pelo número #9110.
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Ligações absurdas em Tóquio
A Polícia Metropolitana de Tóquio aproveitou a data para mencionar os casos absurdos de ligações recebidas no ano passado. Em 2022, a polícia atendeu 1,3 vezes mais ligações sem urgência em comparação com os dados de dois anos antes.
Durante todo o ano passado, foram 1,87 milhão de chamadas para o 110 e deste número, a polícia classificou 355 mil como absolutamente dispensáveis. Este é o caso do homem que ligou para a emergência porque sua televisão tinha quebrado e por causa disso, não estava conseguindo assistir os jogos da Copa do Mundo no Catar.
Mas este não foi o único caso estranho, teve muitos outros pedidos de ajuda parecidos. Em um deles, uma pessoa ligou porque queria uma ajuda para aumentar o volume do telefone que estava baixo. Em outra ligação para o 110, a pessoa reclamava que o relógio tinha parado de funcionar.
Houve ainda um caso de ligação de um indivíduo que estava em uma biblioteca. Ele disse para a polícia que queria ler o jornal, mas outra pessoa estava lendo e por isso não podia ler.
Esses foram só alguns dos milhares de casos envolvendo pedidos de ajuda que não estão relacionados com o setor de emergências da polícia japonesa. Algumas ligações podem ser sérias e fruto da falta de consciência do objetivo do número 110, mas é possível que também haja muitos casos de trotes.
Segundo a reportagem, a polícia de Tóquio reforçou o pedido para toda a população do país, através de um representante.
“Se não houver urgência verdadeira, nós podemos atender qualquer outro assunto pelo número de consultas #9110. Por favor, utilizem o 110 quando for realmente grave”, pediu.
Utilizar o número de emergências de forma indevida acaba prejudicando o trabalho da polícia, ocupando as linhas e o tempo dos atendentes que poderiam estar agindo rapidamente em um caso de ocorrência verdadeira.