Kawasaki – Será que é justo que trabalhadores paguem do bolso por um erro que cometeram no trabalho? O assunto é polêmico e gerou um grande debate entre internautas do Japão.
Em maio deste ano, o professor de uma escola primária na cidade de Kawasaki (província de Kanagawa), ficou responsável por encher a piscina da escola. Ele deixou a torneira ligada em um fluxo alto e acabou se esquecendo de fechar. Ninguém apareceu para conferir durante 6 dias e quando finalmente fecharam a torneira, o prejuízo era alto.
Foi um desperdício de 2,17 milhões de litros de água, o suficiente para encher seis piscinas. A escola é pública e a conta da água desperdiçada deveria ser paga pela prefeitura, com dinheiro público, mas o prefeito, Norihiko Fukuda, não deixou isso acontecer.
A Prefeitura de Kawasaki responsabilizou o professor e o diretor da escola pelo prejuízo, por entender que ambos tinham a tarefa de cuidar e supervisionar a função da piscina. A cobrança de ¥1,9 milhão foi dividida entre os dois, que devem tirar ¥950 mil do bolso cada um para indenizar a prefeitura.
Justo por um lado, polêmico por outro. Uma reportagem da Revista Flash divulgou que o caso foi bastante criticado nas redes sociais. Os japoneses não ficaram exatamente felizes que saber que a conta da água não seria paga com dinheiro público, eles ficaram chocados com a reação da prefeitura e o fato de fazer o trabalhador pagar do bolso por ter cometido um erro.
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As discussões sobre o caso
Uma reportagem online do Jornal de Kanagawa reuniu cerca de 5 mil comentários. E no antigo Twitter (que atualmente se chama X), termos em japonês para “prefeito de Kawasaki” e “indenização”, subiram aos assuntos do momento por causa da polêmica.
O prefeito de Kawasaki acabou bastante criticado pela decisão. Um internauta comentou:
“Fazer o funcionário pagar do bolso por um erro de trabalho é coisa de empresa black, aquelas com péssimas condições trabalhistas. E isso mostra que o prefeito é péssimo por achar adequado”.
Outro internauta disse que “é melhor desistir de ser professor em Kawasaki”.
Uma usuária do Twitter aproveitou para reclamar dos salários dos professores também:
“Se vão cobrar indenização em uma situação dessas, é melhor que aumentem os salários dos professores também”.
O valor cobrado pela prefeitura foi equivalente a conta da água que chegou por conta do desperdício. A maioria dos comentários sobre o caso foi bastante crítico e focado nas questões trabalhistas e com muitas opiniões de que um funcionário, por mais que tenha cometido um erro no trabalho que causou um prejuízo, jamais deve pagar do bolso.
O valor cobrado de indenização também equivale a meses de trabalho para um professor no Japão.