Kagoshima – A cidade de Kagoshima está sendo processada por uma família que perdeu o filho de 14 anos em setembro de 2018. O estudante cometeu suicídio e foi encontrado morto em casa logo depois de uma conversa desastrosa com a professora responsável pela turma.
A família quer uma indenização de ¥66 milhões pelo caso. Em coletiva de imprensa, a mãe da vítima abriu o coração sobre como é viver sem o filho e reforçou que atitudes como a da professora não podem se repetir no ambiente escolar.
“Se o meu filho estivesse vivo, ele estaria para completar 20 anos e nós iríamos comemorar juntos na cerimônia da maioridade. Faz cinco anos que aconteceu e não importa o que eu faça, ele não vai voltar, não há como encontrá-lo. Gritar com alguém na frente de outras pessoas, segurar pela gola da camisa, ameaçar bater com uma cadeira, no ambiente escolar isso é chamado de ‘orientação’, mas na vida real é crime”, disse.
No início de setembro de 2018, o garoto se preparava para começar o segundo semestre no terceiro ano da escola ginasial, mas ele não conseguiu entregar todas as tarefas que recebeu para fazer nas férias de verão e por causa disso, foi chamado na sala para receber uma “orientação” da professora.
O comitê de investigação, designado para avaliar o caso, constatou no relatório que essa conversa a sós com a professora foi o estopim para que o aluno tomasse a decisão de tirar a própria vida.
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Agressão em escola japonesa
Não há registros sobre como foi a conversa, mas o comitê divulgou uma gravação da mesma professora dando uma “orientação” aos alunos do clube de basquete, em uma época em que era responsável pelo clube.
A gravação é curta, mas dá para ouvi-la gritando com os alunos:
“Vocês não tem nada na cabeça mesmo! Estão aí dando risadinhas e fazendo idiotices!”.
A professora já tinha histórico de falar com as crianças de um jeito bastante agressivo e ameaçador e mesmo assim, continuou responsável por turmas, sem que ninguém questionasse suas atitudes. O comportamento era visto como “normal” no ambiente escolar.
A luta da família é para que a comunicação violenta não seja normalizada dentro de escolas no Japão.
Na coletiva de imprensa, o advogado da família, Yuki Daimou, também se pronunciou sobre o caso e o comportamento agressivo que resultou no suiciídio de uma criança:
“Se este tipo de orientação de professores fosse inaceitável para o Comite de Educação, eles teriam assumido a responsabilidade. Mas eles não assumiram e isto mostra que eles não acham errado que haja uma comunicação violenta dentro da escola”, ponderou.
E a mãe da vítima também mostrou preocupação com outras crianças que podem estar enfrentando uma situação parecida:
“Se outras crianças estiverem enfrentando gritos e humilhações por parte de professores, eu gostaria que elas soubessem que este jeito de conversar é errado e que elas não devem se sentirem culpadas. E gostaria que os professores orientassem as crianças de forma adequada e que os pais possam confiar no sistema. E que o julgamento provoque uma mudança positiva na forma de educar”, concluiu.
O caso foi explicado em uma reportagem da Emissora Fuji nesta sexta-feira (15).