Tóquio – O Japão enfrenta uma crise populacional que não começou hoje e deve atingir um nível crítico em 2050. O encolhimento da população tem mostrado seus efeitos negativos na sociedade atual. Há um número cada vez maior de idosos, enquanto que a taxa de natalidade atinge um novo recorde mínimo a cada ano.
Muitos setores já enfrentam falta de mão de obra e muitos idosos precisam continuar trabalhando por causa da aposentadoria insuficiente. Os problemas sociais que o Japão enfrenta hoje são considerados graves para o governo, mas poderão parecer pequenos em três décadas.
É o que aponta o relatório emitido pela Conferência de Estratégias Populacionais (Jinko Senryaku Kaigi) e divulgado em reportagens das emissoras Fuji e NHK.
Até o ano de 2050, 744 das 1.729 prefeituras do Japão devem desaparecer, o que é cerca de 43% do total. Em 2014, outro relatório tinha sido emitido por outro grupo de especialistas e, na época, foi anunciado que 896 cidades estavam em risco.
Uma década depois, o número caiu para 744 cidades. Os especialistas afirmaram que a queda nos dados não representa melhora na situação da população japonesa, mas algumas prefeituras deixaram de correr riscos devido ao aumento da população estrangeira no país.
Há 10 anos, uma das polêmicas é que o distrito de Toshima, em Tóquio, tinha aparecido como um dos locais que possivelmente desapareceriam no futuro. Desta vez, Toshima não apareceu e também não houve nenhuma cidade da província de Okinawa no relatório.
Há muitos municípios na região de Tohoku e em Hokkaido, mas também há cidades em risco em todo o país. O relatório aponta que cidades como Nikko em Tochigi, Gero em Gifu e Atami em Shizuoka, que são famosas pelo turismo, podem desaparecer por causa da baixa populacional.
Em Shizuoka, cidades como Makinohara, Izu e Shimoda estão na lista. Em Aichi, as prefeituras de Tsushima, Shinshiro e Mihama também foram apontadas como locais de risco de desaparecimento. Em Gunma, há cidades como Kiryo, Numata e Shibukawa na lista.
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As mulheres no Japão em 2050
O Japão já está enfrentando uma situação preocupante por causa do número cada vez menor de nascimentos a cada ano. Questões como a dificuldade de criar os filhos, pressão social e problemas financeiros tem desmotivado muitos casais. Há também muitos jovens solteiros e pouco interessados em relacionamentos amorosos.
O cenário atual não é bom e no futuro, poderá ser ainda mais preocupante.
O relatório apontou também que, em 2050, o número de mulheres em idade fértil e ideal para ter filhos, o que é considerado dos 20 aos 39 anos, será metade do que é hoje. Os estudos voltados para um futuro ainda mais distante mostram números cada vez piores.
De acordo com o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-estar Social, em 2100, a população do Japão, que hoje passa de 120 milhões de habitantes, deve cair para 63 milhões. Uma das formas de impedir a queda populacional e um possível colapso do sistema é com o acolhimento de um número cada vez maior de estrangeiros.
É possível que o Japão siga por esse caminho e passe a aceitar cada vez mais trabalhadores e cidadãos de outras nacionalidades. É possível que, em 2050, os dados não sejam tão terríveis quanto apontados no relatório e em parte devido ao aumento dos estrangeiros vivendo e trabalhando no país.