Tóquio – Uma cafeteria abriu as portas em Tóquio para mostrar uma realidade que não pode ser ignorada. De acordo com estudos e previsões de especialistas, em 2050, é possível que haja uma crise de produção de alimentos devido às mudanças climáticas.
O café e o chocolate, itens que hoje são abundantes na sociedade, podem se tornar escassos se as previsões forem confirmadas. Por conta do aquecimento global provocado pela ação humana ao longo do tempo, em 2050, a produção de café pode se tornar 50% do que é hoje. E o cacaueiro, árvore que produz o cacao, pode se tornar escassa no leste do continente africano.
A cafeteria foi inaugurada em Shibuya e leva o nome de “Café de 2050”. O cliente pode pedir um copo de café que vem pela metade e biscoitos com um recheio de chocolate econômico. Há um esforço na aparência para amenizar o fato de que a matéria-prima não é suficiente.
A diretora da organização sem fins lucrativos (NPO/ONG) que é uma das responsáveis pela ideia e execução da cafeteria do futuro, Maiko Shiozaki, contou para a Emissora Fuji sobre a proposta de gerar consciência na sociedade.
“A gente precisa pensar que o café e o chocolate, bebidas e alimentos que gostamos muito e que hoje estão muito presentes no nosso dia a dia, podem se tornar de difícil acesso no futuro. É importante refletir sobre a crise de produção de alimentos e se interessar por esse tema”, disse.
A cafeteria de 2050 foi aberta no sétimo andar do prédio Shibuya Scramble Square e é por tempo limitado. O último dia para visitar e conhecer esse projeto será 22 de maio.
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As mudanças climáticas e as enchentes
As previsões para o futuro consideram as mudanças climáticas e o que é possível para reverter um cenário cada vez mais difícil com relação à desastres naturais, baixa produção de alimentos, efeitos econômicos e sociais.
O café de 2050 ainda parece distante, mas as mudanças do clima já estão mostrando seus efeitos catastróficos na realidade de 2024. Nas últimas semanas, o acúmulo de chuvas provocado por um bloqueio atmosférico causou inundações severas no sul do Brasil. Mais de 400 cidades do Rio Grande do Sul, incluindo a capital Porto Alegre, sofreram com enchentes jamais vistas, bairros inteiros alagados e com água até o telhado das casas.
Com a onda de destruição e mais de 400 mil pessoas desabrigadas ou desalojadas, o governo do Rio Grande do Sul estima que será necessário cerca de R$ 19 bilhões para reconstruir o estado em médio e longo prazo após as enchetes.
O fenômeno de chuvas intensas já aconteceu em outras ocasiões, incluindo uma cheia história em 1941, mas o episódio inédito de inundações em cidades inteiras tem sido atribuído também ao efeito das mudanças climáticas.
Não é preciso esperar até 2050 para ver o quanto as mudanças no clima podem afetar a vida e obrigar populações inteiras a viver com a instabilidade de um “novo normal”, algo que foi experimentado também durante o período da pandemia de 2020.
Para quem está em Tóquio e pode visitar o café, vale a pena ter essa experiência, conhecer o menu e aproveitar a oportunidade para pensar no futuro.