Yokohama – Um homem de 28 anos será indiciado em Yokohama (província de Kanagawa) por perseguir um motorista, dirigir de forma perigosa e agressiva no trânsito.
O motivo da perseguição, que durou por mais de 2 quilômetros, foi por causa da placa do carro da vítima, que morava na província de Fukushima.
De acordo com o portal de notícias Kanaloco, o agressor confirmou as acusações e disse que ficou irritado quando viu que uma pessoa de outra província estava em Kanagawa, apesar das recomendações para evitar viagens e barrar a transmissão do coronavírus.
Ele também disse que sua atitude foi fruto do “estresse”, pois estava fazendo horas extras demais no trabalho.
O caso aconteceu no dia 27 de dezembro. O motorista de Fukushima foi perseguido por 2,7 quilômetros, do bairro Kohoku até o bairro Tsuzuki, ambos em Yokohama.
O agressor teria forçado a troca de pista e parado o veículo repentinamente na frente do outro carro, provocando uma batida que não deixou nenhum ferido.
O motorista de Fukushima, que também tem 28 anos, ficou assustado e ligou para o 110, número de emergências da polícia. Os policiais investigaram as imagens da câmera do automóvel e conseguiram identificar o suspeito.
O agressor deve ser indiciado sob acusação de infração de trânsito e por causar incômodos na direção. No momento do ocorrido, as capitais japonesas estavam sofrendo com o aumento de casos de transmissão do vírus.
Trânsito entre províncias
Este não é o primeiro caso a envolver atitudes agressivas contra pessoas que estão transitando entre as províncias japonesas.
Desde o início da pandemia em março do ano passado, o estado de emergência no mês de abril e mesmo após isto, o Japão passou a registrar ataques, casos de agressões e perseguições contra veículos com placas de outras províncias e seus proprietários.
Segundo uma reportagem do portal Norimono News, de dezembro do ano passado, a polícia japonesa registrou casos em províncias diferentes sobre agressividade no trânsito e até vandalismo contra veículos com placas de outras regiões.
Muitas pessoas que não estavam viajando, mas possuiam veículos de outra província por terem se mudado, passaram a sofrer as retaliações em seus locais de residência. Muitas prefeituras do Japão passaram a fornecer cartões de identificação aos moradores para prevenir este tipo de problema.
Em Wakayama, a prefeitura emitiu a identificação no dia 7 de maio do ano passado e durante 13 dias, recebeu mais de 2.200 solicitações. Os cartões foram suspensos depois do fim do estado de emergência em maio do ano passado, mas serviu para proteger os moradores que tinham acabado de se mudar para a província.
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Fiscais de quarentena
Este fenômeno recebeu até um nome específico, o “jishuku keisatsu”, que se refere aos “policiais” (cidadãos comuns) que fiscalizam se as outras pessoas estão cumprindo quarentena.
Além dos casos que envolvem o trânsito e as placas dos veículos, alguns locais também foram atacados por pessoas irritadas com o não cumprimento das medidas restritivas.
De acordo com uma reportagem da agência de notícias Jiji, na quarta-feira (7), fez um ano em que um dos incidentes mais notáveis ocorreu, dando visibilidade para as agressões em decorrência da pandemia.
Uma loja de doces na província de Chiba foi surpreendida por um aviso colado na porta em “katakana”, um dos tipos de escrita japonesa. O aviso mandava, com agressividade, o estabelecimento fechar e não aglomerar crianças.
A proprietária, de 75 anos, ficou assustada e com medo de retaliações. A carta repercutiu e a loja recebeu mais de 100 cartas de apoio, que ajudaram a amenizar a questão.