Inagi – A polícia japonesa prendeu cinco estudantes colegiais, de 16 e 17 anos por terem danificado equipamentos e estruturas em um parque na cidade de Inagi, na província de Tóquio.
Os garotos foram acusados de furtar uma supercola para madeira de um local de construção e passar a cola nos brinquedos do parque e no banheiro. O caso aconteceu na tarde do dia 7 de março, os jovens foram identificados e confirmaram as acusações.
Além da prisão e indiciamento, eles podem ter que arcar com uma indenização de ¥1,34 milhão. O valor se refere a quantia que a prefeitura local teve que desembolsar para consertar seis pontos que foram danificados pela supercola. A prefeitura anunciou que pretende cobrar dos responsáveis.
O prefeito de Inagi, Katsuhiro Takahashi, se manifestou sobre o caso no Twitter, de acordo com a reportagem do portal Daily Shincho.
“Os responsáveis foram presos e estamos nos encaminhando para o desfecho deste caso, mas foi lamentável saber que são menores de idade e muitos pensamentos passaram pela minha cabeça”, comentou.
Entre agosto e outubro do ano passado, outro incidente envolvendo supercola no banheiro de um parque foi registrado. Este incidente não ocorreu em Tóquio, mas na cidade de Kawasaki ( na província vizinha de Kanagawa), não muito longe de Inagi.
A polícia está investigando se o mesmo grupo de estudantes também foi responsável por este ato de vandalismo na cidade vizinha.
Menores presos em Tóquio
Os adolescentes podem ter causado o dano com um sentimento de brincadeira, sem muita consciência da gravidade de seus atos. No entanto, as consequências não foram pequenas e incidentes como este dificilmente passam batidos no Japão.
O advogado Masaru Wakasa, que também é vice-diretor do Departamrnto Especial de Investigação da Promotoria de Tóquio, comentou sobre a prisão dos jovens menores de idade.
“Em outros casos similares, os jovens são apenas indiciados, mas neste caso, a polícia também optou pela prisão. Acho que a polícia tomou esta decisão considerando também o custo alto do conserto”, sugeriu.
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Estresse na pandemia
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O advogado Masaru Wakasa também acredita que a polícia possa ter optado por prender os jovens para desencorajar este tipo de crime.
Por causa da pandemia, o estresse das restrições não afeta apenas os adultos, mas também os estudantes e pode resultar no aumento de atos de vandalismo em locais públicos.
“O estilo de vida ganhou limitações e isto também afeta os jovens em idade escolar. O estresse pode ser descontado com atos como pichação e vandalismo e a polícia pode ter sido mais rigorosa para tentar coibir crimes parecidos”, disse.
No ano passado, outros incidentes envolvendo jovens e danos em locais públicos foram registrados e podem representar um sinal da questão do estresse na pandemia.
Em agosto do ano passado, um menino que andava de skate no Parque Meriken em Kobe (província de Hyogo), acabou quebrando barras de sinalização de plástico, apesar das orientações locais de que era proibido correr com o skate.
No fim do mês passado, um estudante de ensino médio (koukou) de 18 anos foi preso ao tentar se passar por um policial e roubar uma arma de uma delegacia na cidade de Higashiosaka, província de Osaka.
“Geralmente, casos que envolvem a prisão de jovens seguem para o tribunal familiar depois da custódia. Vários pontos são analisados, como se há antecedentes, a situação familiar e se os jovens estão arrependidos. Dependendo do caso, o jovem pode ser encaminhado ao reformatório ou até responder criminalmente como um adulto se for um caso de extrema má índole, mas não acredito que seja este o caso”, disse o advogado Wakasa.
Indenização cara
Os estudantes danificaram seis locais no parque com a supercola, incluindo um escorregador infantil, um bebedouro e o banheiro público. Foi necessário interditar o brinquedo e duas privadas por três semanas e o parque só voltou a funcionar como era antes no dia 29 de março.
O prefeito de Inagi anunciou no Twitter que os consertos custaram aos cofres públicos da cidade o total de ¥1,34 milhão e que este valor será cobrado dos jovens como indenização.
A prefeitura local deve encaminhar formalmente o processo para que os jovens sejam obrigados a arcar com os custos da “travessura” que cometeram.
E esta não é a primeira vez que um caso de danos ao patrimônio público termina com a cobrança dos responsáveis no Japão.
Em 2010, as famílias de quatro jovens que danificaram um chafariz na cidade de Ebetsu em Hokkaido, extremo norte do Japão, tiveram que arcar com a cobrança de ¥1,63 milhão que a prefeitura gastou para consertar.