Nagoya – Além de sofrer com a perda da filha, um casal em Nagoya (província de Aichi) teve que se submeter a uma longa batalha por justiça.
Embora os pais soubessem que a menina, Kako Saito, de então 13 anos, tirou a vida por causa de bullying na escola, as autoridades não queriam reconhecer a relação dos episódios com o óbito.
A família acompanhou uma investigação que não resultou em nada, mas não desistiu.
Depois que a investigação do Comitê de Educação da cidade negou o bullying, os pais apelaram para o prefeito de Nagoya e pediram uma nova apuração de fatos, desta vez com outros especialistas de fora.
A investigação já havia sido conduzida com o apoio de terceiros, mas por causa do resultado, a família sentiu a necessidade de pedir que outros especialistas fossem chamados.
O pedido foi aceito pela administração pública de Nagoya. Uma reportagem da emissora Fuji TV informou que na última sexta-feira (30), o relatório emitido pela nova investigação finalmente reconheceu que Kako tirou a própria vida por que estava sofrendo com o comportamento de colegas e o clube esportivo.
Ela participava de um clube de atividades (que não foi especificado) e era hostilizada por outros membros, que a ignoravam durante os treinos.
Além da questão do relacionamento, Kako também estava aflita com o próprio clube. Ela tinha medo de ter que dormir fora para eventos das atividades esportivas e sofria exaustão com os treinos. De acordo com o relatório, os problemas provavelmente se acumularam ao ponto de levá-la a optar pelo suicídio.
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Busca por justiça após o suicídio
Apesar da tristeza e inconformidade, o último relatório trouxe um pouco de alívio para a família, que sofreu por um longo período em busca de justiça.
“Já passaram três anos e meio desde que a minha filha se foi. Foi muito sofrido para nós e não podemos dizer que todos os fatos vieram a tona, mas creio que, de onde estiver, minha filha deve estar contente”, disse o pai, Shintaro Saito.
O relatório foi mais além e apontou as falhas da investigação passada, reforçando que houve uma “hesitação” das autoridades envolvidas em reconhecer a gravidade do caso.
Em uma coletiva de imprensa realizada na terça-feira (3), O Comitê de Educação de Nagoya comentou o ocorrido.
“Não sei se houve hesitação, mas refletindo sobre tudo agora, acredito que desde o momento em que a família fez o pedido, o caso deveria ter sido tratado com a devida gravidade. A investigação também deveria ter sido conduzida com especialistas não relacionados”, admitiu um representante.
O Comitê finalmente reconheceu o bullying e as falhas ao longo do processo. Os pedidos de desculpas para a família partiram da organização e do prefeito.
Não foi divulgado sobre quais medidas serão tomadas neste caso ou se a família entrará com algum processo.
Muitos casos de bullying em escolas do Japão só vem a tona depois que as vítimas já cometeram o ato extremo de tirar a própria vida. Segundo os dados do Ministério da Educação, no ano passado, 479 crianças cometeram suicídio no Japão.
O dado apresentou um aumento de 40% em relação ao ano anterior e a situação parece longe de apresentar melhorias.