Osaka – A Rede Lawson acabou negociando uma quantia de indenização com um ex-funcionário de uma franquia da rede em Osaka. O acordo foi selado e divulgado na quinta-feira (10).
O caso se iniciou com um processo aberto por Ryota Yamaguchi (nome fictício), de 36 anos, em 2015. Ele acusou o gerente da franquia de assédio moral, agressões físicas e de trabalho exaustivo, em condições precárias e escravas, sem pagamento de salário por um longo período.
Segundo uma reportagem do jornal Mainichi, os representantes da sede da rede da Lawson em Tóquio disseram que vão prestar atenção nas condições de trabalho oferecidas nas lojas de conveniência e melhorar as orientações com os representantes das franquias, para evitar casos futuros.
Essas medidas fizeram parte do acordo entre o trabalhador e a empresa. A mídia japonesa não divulgou se houve punição ao gerente, como perda do direito de administrar uma loja.
De acordo com o advogado de defesa, o acordo entre as partes foi em caráter “extraordinário”. É raro que uma empresa como a Lawson faça um acordo com um trabalhador que não foi diretamente contratado.
Quando Ryota entrou com o processo, o pedido de indenização era de ¥13 milhões. Não foi divulgado o valor do acordo aceito pelas duas partes.
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Trabalho escravo em loja da Lawson
De acordo com os laudos do processo, Ryota começou a trabalhar na loja da Lawson na província de Osaka em 2007. Ele era reprimido constantemente pelo chefe por descuidos com as prateleiras ou por chegar atrasado no trabalho. As ofensas evoluíram para agressões físicas, até que o trabalhador passou a apanhar e levar chutes durante o expediente.
O caso chegou ao extremo quando o gerente da loja disse para Ryota que o valor da caixa registradora não estava batendo. Ele foi coagido a pagar uma indenização de ¥3,5 milhões para o chefe e passou a trabalhar gratuitamente por causa desta dívida.
Ryota passou dois anos atuando como funcionário da loja sem ter direito a receber um salário. Ele também era pressionado a trabalhar exaustivamente. Consta no laudo que Ryota chegou a trabalhar durante 377 dias seguidos, sem conseguir tirar uma folga.
Ele saiu da loja em junho de 2014. O processo contra a franquia foi encaminhado mais de um ano depois, em setembro de 2015. No interrogatório, o gerente confirmou as acusações de assédio moral e falta de pagamento de salário. Depois do processo, no entanto, o homem que foi acusado declarou falência.
Ryota mudou o foco do processo para a administração da Rede Lawson, alegando que a empresa falhou na responsabilidade de supervisionar a gestão da franquia. Os representantes da empresa disseram ao juíz que a rede não tem como obrigação de trabalho prestar orientação aos gestores das franquias.
A processo se arrastou e a Corte de Osaka pressionou a empresa para que entrasse em um acordo com o trabalhador e solucionasse o caso de forma amigável.
Ryota participou de uma coletiva de imprensa na cidade de Osaka e falou sobre o processo e o acordo.
“Eu fui tratado como um escravo. Quero que as empresas pensam como um todo sobre os trabalhadores das lojas de conveniência, para que outros funcionários não venham a passar pelo mesmo que eu passei”, declarou.