Hekinan – Muitas pessoas estão na fila e com dificuldade em receber o “seikatsu hogo”, auxílio subsistência oferecido pelo governo japonês para quem não tem renda e não pode trabalhar por algum motivo.
Um homem de 62 anos, que vive na cidade de Hekinan (província de Aichi), teve o pedido do auxílio aprovado e recebeu o primeiro depósito no mês de junho. Mas não ficou satisfeito. Ele foi preso depois de ameaçar esfaquear o funcionário da prefeitura responsável pelo setor que fornece o benefício.
Segundo uma reportagem da emissora Tokai TV, o homem não chegou a ir até o prédio da prefeitura com uma faca e não houve incidentes maiores. As ameaças foram feitas pelo telefone.
Primeiro ele ligou para a polícia e explicou que se tornou beneficiário do “seikatsu hogo”, mas que não tinha como viver com a miséria que foi depositada. Ele disse então que era melhor esfaquear alguém e parar na cadeia, pois pelo menos estaria protegido da chuva e do vento e não passaria fome.
“Vai ser muito melhor assim”, disse ele, no telefone. E depois sugeriu: “será que devo levar uma faca até a prefeitura e esfaquear o funcionário responsável por esse auxílio?”.
O homem estava desempregado e a reportagem não mencionou suas condições de vida, se era um morador de rua ou se tinha um lugar para ficar. Ele foi acusado de ligar também para a prefeitura, por volta das 9h da manhã de terça-feira (5) e falar com o funcionário, de 32 anos.
Nesta ligação, o homem dito que pretendia esfaquear o funcionário, o que agravou o caso de ameaça. Depois da prisão, ele confirmou a ligação que fez para a polícia e negou ter feito uma ligação para o setor de Bem-estar Social da Prefeitura de Hekinan.
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O auxílio do governo japonês
O “seikatsu hogo”, que pode ser traduzido como “auxílio-subsistência”, é um programa do governo japonês, semelhante ao “bolsa-família”, mas com muitas diferenças nos valores e condições. O auxílio é para quem não tem renda, possibilidades ou oportunidades de trabalhar. É muito comum entre famílias com portadores de deficiência que precisam de assistência diária ou idosos que não recebem o mínimo de aposentadoria para sobreviver.
Quando a pessoa tem alguma renda, mas não é suficiente, o auxílio é fornecido apenas como complemento e a ideia é que seja suficiente para cobrir as despesas básicas do cidadão. Quando a pessoa está desempregada, mas possui condições de trabalhar, o auxílio pode ser fornecido até que volte a ter renda.
É comum que as prefeituras japonesas mantenham um controle da situação dos beneficiários, fazendo visitas regulares para ver a condição em que vivem e verificar se não há irregularidades.
O sistema conta com regras rígidas para que um pedido seja aprovado. O beneficiário não pode ter bens ou carro (salvo exceções que prove necessidade extrema). Se tiver, a sugestão será de que venda seus bens para utilizar o dinheiro como renda antes de pedir o auxílio.
Os funcionários também costumam sugerir que a pessoa, se possível, conte com a ajuda financeira dos pais ou familiares. O benefício é aprovado também quando consta que o cidadão não tem a quem recorrer.