Tóquio – O governo japonês já começou a tomar providências para garantir uma identificação especial aos vacinados contra o coronavírus. O passaporte da vacina será entregue os imunizados e deve facilitar viagens dentro e fora do Japão.
O secretário-chefe de Gabinete, Katsunobu Kato, informou que as prefeituras devem começar a aceitar as inscrições a partir de 26 de julho.
Segundo uma reportagem da emissora Fuji, a expectativa é de que os portadores do documento tenham as restrições de quarentena abrandadas em viagens internacionais e possam usufruir de serviços especiais no Japão.
“Nosso objetivo principal e garantir que os viajantes do Japão não precisem passar por medidas rigorosas de quarentena para entrar em outros países”, disse Kato.
A ideia do governo é usar o passaporte também como um incentivo econômico, permitindo descontos e benefícios no comércio. Esta é uma forma também de encorajar aqueles que decidiram não tomar a vacina.
No entanto, o governo estuda como tomar medidas para evitar discriminação. Com a adesão do passaporte da vacina, é possível que ocorram problemas, como a recusa em atender um cliente que não tenha o documento.
O passaporte da vacina e o PCR
A Fuji TV conversou com o médico Yuji Yamada, que atende em um hospital universitário nos Estados Unidos, sobre o passaporte da vacina.
Yamada acredita que o documento servirá para substituir o teste PCR negativo, que atualmente é utilizado para viagens.
“O problema do PCR é que o resultado pode dar um falso-negativo. A pessoa apresenta o resultado negativo e mesmo assim está contaminada. A confiança com a vacina é maior e outros países já estão providenciando sistemas parecidos”.
A tendência é que este tipo de documento se torne essencial para o retorno das viagens internacionais, turismo e atividades que eram comuns antes da pandemia.
Para Yamada, também será um alivio para quem precisa viajar e tem passado por procedimentos burocráticos mais incômodos.
“Desde que a pandemia começou os países reforçaram seus planos preventivos e o teste PCR passou a ser pedido na maioria dos lugares. Muitas noções adotaram medidas de uma ou duas semanas de quarentena, em tentativa de evitar o contágio. Com o documento da vacina, acredito que o processo de viagens será agilizado”, disse.
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As preocupações continuam
A comprovação das vacinas traz uma luz no fim do túnel, mas isto não significa que as preocupações com o vírus irão embora rapidamente.
Na situação atual, em que as vacinas não estão adiantadas em muitos locais e as variantes surgem sem controle, não é possível ter certeza de que não ocorrerá uma piora do cenário pandêmico.
“O fornecimento das vacinas varia de acordo com o país, há a lista de prioridades e pessoas que não podem tomar ou ficaram sem acesso. Além disso, podemos estimar que novas variantes do coronavírus continuarão a surgir. Fica impossível definir até que ponto podemos garantir a segurança das vacinas no momento”, disse Yamada.
Assim como a variante “delta”, que surgiu na Índia e tem mais poder de contágio, é possível que apareçam novas cepas com características distintas, inclusive com forte resistência aos imunizantes atuais.