Tóquio – O número de infectados pela nova variante ômicron, que foi identificada pela primeira vez em novembro na Botsuana, continua aumentando no Japão, apesar dos esforços do governo para controlar os recém-chegados ao país.
Na quinta-feira (16), as emissoras e jornais japoneses divulgaram uma notícia que parece ser a mais preocupante desde os primeiros casos registrados. Uma jovem na faixa de 20 anos, que veio dos Estados Unidos e desembarcou em Tóquio no último dia 8, estava infectada com a variante.
O teste realizado no aeroporto deu negativo e a jovem foi liberada para a quarentena em casa. No mesmo dia e no dia seguinte, ela recebeu a visita de um amigo, também na faixa de 20 anos.
De acordo com a Fuji TV, o amigo teve tosse e febre baixa no dia 10 e no dia 12, foi com a família assistir uma partida de futebol no Estádio Todoroki Athletics, em Kawasaki (província de Kanagawa). Ele testou positivo para a covid-19 no dia 15 e as autoridades de saúde estão examinando se o vírus é a ômicron.
Três membros da família, sete colegas de trabalho e 80 pessoas que assistiram a partida de futebol estão entre os casos suspeitos. O Centro de Saúde de Tóquio tenta contatar as pessoas e orientar para que façam o exame. O Japão tem pelo menos 32 infectados confirmados com a ômicron e mais de 1000 pessoas na lista de casos suspeitos, por terem entrado em contato com os doentes.
Os números aumentam todos os dias e nem a quarentena rigorosa tem sido suficiente para impedir que a variante, que é uma das versões mais contagiosas do coronavírus, se espalhe nas províncias japonesas.
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O que se sabe sobre a ômicron
A nova variante gerou temores e provocou fechamento de fronteiras desde que foi identificada no fim de novembro. Desde então, a cepa tem sido estudada por cientistas e já há alguns dados disponíveis.
Um dos estudos mais recentes foi do professor de saúde e ciências ambientais da Universidade de Quioto, Hiroshi Nishimura, que assessora o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-estar do Japão. O professor, que é especialista em doenças infecciosas, analisou os dados de genoma da província de Gauteng, na África do Sul e estimou que a cepa é 4,2 vezes mais contagiosa do que a delta, na primeira fase da doença.
De acordo com a Agência de Saúde Pública da União Europeia, a velocidade de transmissão da variante é provavelmente mais elevada do que as autoridades são capazes de detectar. Na última segunda-feira, o Reino Unido fez um alerta de que a variante já era responsável por 40% dos novos casos em Londres e está avançando em um “ritmo extraordinário”.
No entanto, a cepa não parece mais agressiva do que a variante delta e as autoridades de saúde tem percebido que os casos são, na maioria, leves e não há um aumento das internações apesar do número alto de novos infectados.
Quanto as vacinas, tudo indica que a terceira dose pode ser a melhor arma contra a variante. A Pfizer já divulgou que duas doses da vacina tem 22,5% de eficácia contra a ômicron, mas ajuda a evitar o surgimento de complicações de saúde. Nesta semana, pesquisadores israelenses mostraram em um estudo que a dose de reforço da Pfizer garante proteção contra a nova variante.