Tóquio – A temperatura na rua estava em torno de 35ºC quando um japonês ligou o ar-condicionado no quarto em 18 graus. Alguns tempo depois, ele percebeu algo estranho: o vidro da sacada estava cheio de rachaduras.
A imagem foi postada em sua conta no Twitter (@uta7me7) e gerou mais de 100 mil reações, além de muitos comentários e histórias parecidas. Outros usuários da rede disseram que passaram por algo parecido. Um usuário comentou que em uma determinada janela, as rachaduras apareciam a cada 2 ou 3 anos e era preciso trocar.
O caso não é de agora, foi publicado no verão de 2020. Mas com as temperaturas altas e os riscos ao baixar demais a temperatura do ar-condicionado em um quarto abafado, o tema voltou a ser discutido.
Uma reportagem da emissora Fuji TV entrevistou um especialista da fabricante de vidros AGC para entender o que leva a este fenômeno, se é ou não comum e como prevenir.
O especialista (que não teve o nome divulgado no texto original) contou que se trata de um fenômeno de “rachadura por choque térmico”, conhecido em japonês como “netsuware”.
“Isto acontece quando há uma diferença de temperatura no vidro. Quando exposto ao calor, o vidro tende a inflar e quando exposto ao frio, se contrai. Quando o calor do sol atinge parte do vidro, algumas partes aquecem muito e outras não ficam expostas. Há este efeito de inflar e contrair, o vidro se rompe e as rachaduras aparecem”, explicou.
Mas no caso do japonês que usou o ar-condicionado configurado a 18 graus em um dia quente, a situação é outra.
“Na verdade, é raro que isto aconteça. É mais comum casos no inverno do que no verão, pois no inverno o vidro congela e quando bate o sol da manhã em apenas uma parte do vidro, há a diferenciação de temperatura que causa as rachaduras. No caso dele, podemos pensar em outras possibilidades”, sugeriu.
Os vidros têm resistência e não são fáceis de quebrar apenas pela exposição ao calor. Na verdade, podem resistir mesmo se expostos a temperaturas de 600 a 700 graus. “Não foi uma rachadura apenas pelo calor. Se pensar na temperatura do quarto e a da rua, é difícil imaginar que só essa variação rachou o vidro”, disse.
Outro detalhe chamou atenção na imagem que o internauta divulgou no Twitter: do lado de fora e próximo ao vidro estava o equipamento externo do ar-condicionado.
“O equipamento externo solta o ar bem na direção do vidro e o ar do aparelho interno deve atingir diretamente a janela também, provavelmente apenas uma parte dela. Neste caso, podemos pensar que houve a rachadura por choque térmico”, sugeriu.
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Como prevenir rachaduras no vidro
Além de ser perigoso caso o vidro venha a se partir por completo, fazendo cacos voarem em todas as direções, o incidente também provoca um prejuízo. Se acontecer, é preciso trocar o vidro o mais rápido possível e se for um apartamento alugado, a primeira coisa a fazer é contatar a empresa responsável.
Mas pode ser que leve alguns dias até resolver o problema. Neste caso, a recomendação é cobrir o vidro com pedaços de papelão por segurança e e evitar tocar ou abrir até que seja consertado.
Embora apenas a temperatura baixa do ar em um dia quente pareça não causar rachaduras no vidro, a configuração do quarto, a disposição do aparelho e o equipamento externo podem contribuir com uma situação em que esse tipo de incidente se torna fácil de acontecer.
Para isto, o especialista da AGC deu algumas recomendações:
“Não é adequado tentar resolver com cortinas, porque a cobertura dificulta a liberação de calor do vidro. O ideal é não deixar que o ar do aparelho bata diretamente em uma parte da janela. E é recomendado evitar ligar o aparelho em uma temperatura muito baixa de forma repentina”, diz.
Isto não significa que não seja possível deixar o ar-condicionado em 18 graus, mas antes disso, vale a pena tomar um cuidado.
“Se você chegar em casa depois do trabalho em um dia quente, abra as janelas primeiro, deixe sair o bafo antes de ligar o aparelho”, recomenda.