Tóquio – O aumento dos casos de sífilis na população japonesa tem causado grandes preocupações para as autoridades de saúde do país. O ano de 2021 bateu um recorde de casos com 7.875 diagnósticos positivos para o treponema pallidum, a bactéria silenciosa que provoca a doença e age no organismo do infectado.
Ainda estamos em setembro, mas no início deste mês, os diagnósticos de 2022 chegaram a 8.155 e ameaçam passar de 10 mil até o fim do ano. Se isto acontecer, será a primeira vez desde que o governo começou a contar as estatísticas.
Os casos de sífilis começaram a subir em 2011, mas em 2020 tiveram queda e nos últimos dois anos, estão em alta novamente. Os dados recentes foram revelados pelo Centro de Informações sobre Doenças Infecciosas de Tóquio e divulgados em uma reportagem do jornal Mainichi.
A sífilis é uma infecção transmitida durante as relações sexuais desprotegidas e pelo contato da boca com as genitais do infectado, através da membrana mucosa. Entre duas e três semanas após o contágio, é comum que o infectado apresente vermelhidão nas genitais ou ínguas, que são indolores e desaparecem sozinhas.
Por causa disto, muitos não procuram atendimento médico quando percebem este sintoma. Cerca de dois a três meses após a infecção, podem surgir manchas vermelhas nas palmas das mãos, no abdômen ou outras partes do corpo. Essas manchas não doem e não coçam, são facilmente confundidas com alergia e desaparecem sozinhas.
O problema da sífilis é que age silenciosamente no organismo, provocando poucos sintomas que desaparecem embora a bactéria continue ativa. Se o paciente não investigar os sintomas e descobrir a doença, o quadro evolui de forma perigosa com o passar do tempo.
Entre alguns anos e até décadas depois da transmissão, a doença afeta o cérebro, o coração e os nervos e pode levar ao óbito. A mídia japonesa tem feito alertas constantes sobre os casos de sífilis para que a população fique atenta aos sintomas e se houver qualquer dúvida sobre estar infectado, procure o centro de saúde para um exame.
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Tratamento e prevenção dos casos de sífilis
A doença é perigosa se passar anos no organismo do infectado sem ser descoberta, mas pode ser facilmente tratada e curada se houver um diagnóstico. Depois de confirmar a presença da bactéria, basta tomar os antibióticos receitados durante quatro semanas e uma injeção para se curar da doença.
Mas depois da cura, ainda é possível se contaminar novamente e por isto é importante tomar cuidado com as relações sexuais usando preservativos. Segundo a reportagem do Jornal Mainichi, o que tem provocado aumento dos casos de sífilis são as interações pelos populares aplicativos de namoro e encontros. Os aplicativos tem conectado pessoas que não se conhecem e estão tendo relações sexuais frequentes com parceiros (as) diferentes, muitas vezes desprotegidas.
Segundo o Instituto Nacional de Doenças Infecciosas do Japão, a maior incidência ainda está nas grandes cidades do país. Tóquio abriga o maior número de casos, com 2.268 infectados. Em Osaka, são 1020 pessoas, em Aichi são 447 e em Fukuoka, 323. Mas os números reais devem ser maiores, já que nem todos os infectados sabem disto.
Em entrevista ao jornal, o diretor da Sociedade Japonesa de Infecções Sexualmente Transmissíveis e professor da Universidade de Kobe, Katsumi Shigemura, fez um alerta sobre a doença.
“Uma das questões da sífilis é que a doença não se manifesta apenas com as manchas na pele e os sintomas típicos. É uma doença com muitos sintomas atípicos que variam de pessoa para pessoa. O paciente precisa ficar atento aos sintomas e fazer um exame quando desconfiar”, explicou.
Se houver vermelhidão nas genitais, ínguas ou manchas na pele que não provocam coceira e nem dor, é importante fazer um exame. “E quando estiver em tratamento, não deixe de tomar os remédios conforme a indicação e voltar ao médico para verificar se está curado”, aconselhou.