Nagoya – Mais um caso de bullying em escola que resultou no suicídio de uma criança foi para os tribunais. Em Nagoya, capital da província de Aichi, uma família luta por justiça e para que aja alguma mudança no tratamento das escolas.
Em 2018, a aluna Kako Saito, de então 13 anos, cometeu suicídio depois de sofrer pressão e ser tratada com crueldade por colegas de uma escola ginasial no distrito de Meito. De acordo com o laudo do processo, divulgado em uma reportagem do jornal Yomiuri, a menina estava no 1º ano e o bullying começou em um clube esportivo.
Kako morava em outra cidade na província e em setembro de 2017, a família se mudou para Nagoya. Ela entrou na escola e no clube de soft tênis naquele ano, mas por volta de novembro, passou a ter problemas com os colegas que praticavam tênis.
A menina começou a ser ignorada pelos colegas e a situação se agravou. Em janeiro de 2018, Kako tirou a própria vida. Os pais consideraram que se a escola tivesse feito uma mínima investigação que fosse, se tivesse tomado alguma providência, a vida da aluna poderia ter sido salva.
Mas nada foi feito. Depois da morte da estudante, a escola e o Comitê de Educação de Nagoya passaram a investigar o caso e reconheceram que o bullying levou ao suicídio. Mesmo assim, as explicações não foram dadas apesar da urgência e espera por respostas e mais detalhes do ocorrido.
“Foi uma enorme falta de consideração e ilegalidade. Se a gente não expor os problemas e correr atrás de justiça, novos casos irão se repetir. Não quero que a morte da minha filha tenha sido em vão”, comentou o pai, Shintaro Saito.
O Comitê de Educação comentou que está analisando o processo e vai lidar com o caso da forma que for exigida.
Outro caso de bullying, suicídio e processo
O bullying nas escolas é um dos principais motivos que levam crianças ao suicídio no Japão. Em muitos casos, as escolas não fazem uma investigação adequada ou tomam medidas capazes de impedir a tragédia. Levar o caso ao tribunal tem sido uma forma de famílias lutarem não apenas por justiça, mas por mudanças no sistema.
O Ministério da Educação (MEXT) tem uma cartilha que visa prevenir o bullying e algumas medidas são impostas às escolas, como a distribuição de enquetes regulares para que os alunos denunciem os casos, além das investigações. Mesmo assim, muitos casos só são investigados depois que o aluno morre, pois não foi possível prevenir.
Recentemente, outro caso foi parar nos tribunais. Na província de Kumamoto, no sul do Japão, quatro jovens acabaram processados por terem praticado bullying contra uma colega em uma escola de ensino médio (koukou). A vítima, Tomoka Fukakusa, tinha 17 anos e estava no último ano da escola quando cometeu suicídio.
Neste caso, o pedido de indenização foi de ¥11 milhões, mas três dos quatro jovens relutam em assumir a culpa no caso. Uma das acusadas assumiu a responsabilidade, se desculpou com a família e disse que se arrependeu quando viu a colega no caixão. A indenização foi negociada com esta jovem enquanto o processo está em andamento.