Tóquio – Já fazem 47 anos que o número de crianças no Japão está em queda consecutiva. O governo japonês divulga os dados anualmente no início de maio, época marcada pelo dia das crianças, que é comemorado nesta quarta-feira (5).
No entanto, não há muito o que celebrar. Todos os anos o cenário apresentado pelo governo é de um número cada vez menor de crianças no país. Neste ano, as estatísticas mostraram um total de 14,93 milhões de crianças e jovens com menos de 15 anos em todo o Japão.
O número é dividido entre 7,65 milhões de meninos e 7,28 milhões de meninas. Em 1950, o número de crianças do pós-guerra correspondia a 35% de toda a população japonesa. Hoje, 71 anos depois, a população infantil não passa de 11,9% da população do país.
O que vem chamando atenção neste contexto de encolhimento populacional é o crescimento contínuo da população idosa. Os dados mais recentes indicam que 28,9% da população japonesa tem mais de 65 anos de idade.
Isto representa 2,5 vezes mais idosos do que crianças no país. A longo prazo, este problema deve pressionar ainda mais a economia do Japão, com uma falta de mão de obra crescente e mais necessidade de contratação de trabalhadores estrangeiros.
No caso dos estrangeiros, os dados do governo japonês tem mostrado um crescimento apesar das condições atuais de pandemia e incertezas econômicas.
Segundo os dados que foram divulgados em uma reportagem da emissora Fuji e da emissora estatal NHK, até novembro de 2020, havia cerca de 210 mil crianças cujos pais são estrangeiros residindo no Japão.
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Plano preventivo ao número baixo de crianças
O governo do Japão tem tentado trabalhar em um plano preventivo ao encolhimento populacional, mas não vem obtendo os resultados necessários de acordo com as estatísticas que apresentam piora do cenário a cada ano.
Na página explicativa sobre o plano preventivo, disponibilizada pelo Gabinete Oficial do governo, é possível conferir um arquivo que detalha os projetos elaborado nas últimas décadas com relação ao tema.
O governo tem unido esforços no combate ao trabalho excessivo, melhora das condições aos trabalhadores e das possibilidades para que as famílias possam criar os filhos e trabalhar ao mesmo tempo, problema que afeta principalmente as mulheres.
Outro foco é na missão de evitar que muitas crianças acabem na fila de espera por uma creche pública, o que provoca atrasos no retorno às atividades de trabalho.
Nas cidades mais afetadas pelo baixo número de crianças, há incentivos especiais, como prêmios em dinheiro para quem tiver filhos.
No topo do ranking de cidades que oferecem mais benefícios, de acordo com o portal Mynavi, está Shobara, em Hiroshima, que garante ¥150 mil para quem tiver o primeiro filho, mais ¥150 mil após o nascimento do segundo filho e ¥250 mil quando nascer a terceira criança.
Mesmo assim, a sociedade sofre com circunstâncias que se repetem apesar do plano preventivo.
A dificuldade de trabalhar e criar os filhos faz com que muitas mulheres optem entre ser mães ou seguir carreira, o bullying com gestantes no trabalho, dificuldade de encontrar vaga em creches e outras questões sociais e econômicas se refletem nos dados.