Tóquio – Os preços de alimentos e bebidas estão aumentando desde o início do ano, mas a escala de reajustes não se limita a isto. Nesta semana, a marca de roupas Uniqlo anunciou um espantoso reajuste de ¥1000 em suas roupas térmicas (heat-tech) e os populares casacos “ultra light down”, entre outras peças.
Uma reportagem da emissora Fuji TV conversou com consumidores sobre a notícia da Uniqlo e as reações foram de espanto e revolta.
“Estou em choque. É uma loja que faz parte do nosso cotidiano”, disse um pedestre. “Nossa, é verdade? ¥1000 é muita coisa e de repente”, comentou outro.
Em 1994, a Uniqlo revolucionou ao trazer ao mercado da moda o casaco fleece, que até então era um produto caro, mas passou a ser oferecido pela marca por ¥1.900. Há 28 anos, desde o início, a marca nunca anunciou reajustes e vem vendendo muitas peças por menos de ¥2000. Desta vez, o aumento de preços foi espantoso.
De acordo com o presidente Tadashi Yanai da Fast Retailing, que detém a Uniqlo, o reajuste se deve ao fato de que a matéria-prima para a confecção das peças aumentou, além dos custos de logística e distribuição.
“O aumento da matéria-prima para as confecções foi de 50% em média e nos piores casos, chegou a aumentar três vezes o valor de antes. Fica inviável continuar vendendo as peças pelo preço atual. Há também a questão da desvalorização contínua do iene”. comentou.
A moeda japonesa vem sofrendo forte desvalorização diante do dólar e o movimento vem sendo impulsionado pelo aumento das taxas de juros nos Estados Unidos. Nesta semana, a queda se ampliou para ¥132 por dólar, atingindo uma margem de desvalorização que o mercado japonês não via desde 2002.
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Roupas mais caras na Uniqlo
O aumento dos preços das coleções de outono e inverno vão se destacar nas prateleiras das lojas da Uniqlo a partir de agosto, quando as peças começam a ser exibidas. As jaquetas Ultra Light Down, que são populares pela leveza e praticidade, serão reajustadas de ¥5.990 para ¥6.990.
A linha de roupas térmicas Heat-tech Ultra Warm vai passar de ¥1.990 para ¥2.990. E os suéteres de casimira, que custavam ¥8.990, serão vendidos agora por ¥9.990.
Diante da situação, o presidente do Banco Central do Japão (BoJ), Haruhiko Kuroda, causou indignação ao declarar que a população deve se conformar e aceitar o aumento dos custos na economia doméstica. Para muitas pessoas, o impacto que começa com bens de comum básico, tem sido elevado.
Uma mulher de 40 anos expressou seus sentimentos com a fala de Kuroda:
“A questão não é aceitar isso, o fato é que estamos segurando a barra e comprando só o que é realmente necessário”, comentou.
O aumento contínuo dos preços e a desvalorização da moeda japonesa tende a afetar a população de maneira geral. O consumo é restringido diante das menores possibilidades de economizar e a economia acaba prejudicada.
É possível que mais itens populares no mercado e produtos de outras marcas também anunciem reajustes para este ano.